Os hábitos mudam e a função de um jornal é registrá-las no seu dia a dia, através de reportagens e também dos anúncios. Quer um exemplo? Até a primeira metade do século passado era comum expectorar em público. Para que esse gesto de limpeza do organismo fosse feito com estilo, existiam as escarradeiras, fabricadas em porcelana, faiança, vidro ou metais nobres.
Os objetos ficavam em estabelecimentos comerciais, repartições e também nas residências, à disposição dos usuários e visitas, principalmente os fumantes, maiores produtores de muco. Ter uma escarradeira para chamar de sua era um sinal de muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender.
No dia 19 de setembro de 1926, o Diario de Pernambuco trouxe na sua página dedicada a ofertas de produtos de saúde, entre cremes contra rugas e farinhas para crianças debilitadas, um anúncio da escarradeira Hygéa, fabricada pela J. Goulart Machado & Cia Ltda, que era uma evolução das antigas peças de porcelana. Totalmente em metal, prometia “limpeza automática sem intervenção manual”. Um grande avanço da ciência.
Com o avanço da ciência, o ato de escarrar passou a ser considerado considerado anti-higiênico e propagador de micro-organismos, principalmente do bacilo de Koch, causador da tuberculose.