Há 45 anos, o Diario de Pernambuco dava uma triste notícia aos amantes do humor nordestino. Em 15 de março de 1970, a edição de domingo rasgava como manchete a trágica morte de Luiz Jacinto da Silva, vítima de um acidente aéreo na baía de Guarajá, no Pará. No dia anterior, um avião Hirondelle, da Paraense Transportes Aéreos, havia caído na água quando tentava pousar no aeroporto de Belém. Além de Luiz Jacinto, outras 31 pessoas a bordo não resistiram. Somente três pessoas foram retiradas com vida do aparelho. Era o fim também para um personagem que ganhou a simpatia dos brasileiros, em programas de rádio e de televisão, além de 12 discos de vinil: o Coroné Ludugero, matuto que resolvia as paradas na lei do revólver, com linguajar próprio, casado com a impagável dona Filomena.

O personagem interpretado pelo caruaruense Luiz Jacinto, que faleceu aos 41 anos de idade, surgiu primeiro na capital do Agreste pernambucano, criado pelo produtor Luís Queiroga. Funcionário dos Correios, transferido para o Recife, Jacinto nas horas vagas integrava o elenco das emissoras Associadas, primeiro a Rádio Clube e depois a TV Rádio Clube. O sucesso acabou fazendo com que o Coroné Ludugero fosse para o Rio de Janeiro, integrar o cast da TV Tupi. A presença em Belém era por conta de uma excursão ao Norte do país.

No avião estava também a caravana artística que acompanha o Coroné Ludugero. Faleceram com Luiz Jacinto o ator Irandir Costa, que fazia o personagem Otrope, seu fiel secretário, o empresário Antônio Farias e os músicos Sebastião Martins e José Mauro Marques. De todos, somente o corpo de Jacinto não foi localizado. Nos dias seguintes ao acidente aéreo, o jornal anunciou que as buscas eram infrutíferas. Os restos mortais só foram localizados no dia 30 de março.

Luiz Jacinto estreou nos palcos em 1957, fazendo um papel na peça O caixeiro da taberna, de Martins Pena. Depois incorporou-se à trupe do Teatro do Nordeste, interpretando o Zé Beato, um sacristão caipira e bonachão.

Em 1º de abril de 1970, o Diario finalmente noticiava o enterro de Luiz Jacinto em Caruaru, ocorrido no dia anterior com a presença de 100 mil pessoas. Primeiro velado na Rádio Clube no Recife, o cortejo até o Agreste foi acompanhado por 300 veículos. Foi uma comoção em Caruaru, mas o personagem ainda vive a cada São João da cidade. E na memória dos nordestinos. Outros “clones” surgiram, mas Ludugero é quem manda mesmo.