Perucas 3x

“Elas estão fazendo sucesso no mundo inteiro. E não é para menos. Foram criadas pelo homem que mais entende de mulheres. Pierre Cardin. As Perucas Pierre Cardin são confeccionadas dentro da mais avançada técnica e das últimas tendências da moda internacional. E estão esperando por você”.

As leitoras do Diario de Pernambuco no ano de 1972 receberam este convite em 3 de dezembro, um domingo. Era um anúncio na página 3 do terceiro caderno, o de Cultura. Tão grande que o colunista João Alberto só teve uma coluna para publicar o movimento social recifense, como a nova loja de Janete Costa e as tapeçarias que Brennand iria fornecer ao marchand Carlos Ranulfo.

Quem quisesse ficar na moda teria que passar no magazine Mesbla e verificar os acessórios capilares confeccionados com a fibra Special 52-D, o novo Kanekalon, lançado pelos japoneses em 1957.

Junto com o movimento pop da década de 1960, as perucas voltaram à cena. Virou febre nos Estados e fez a festa da Coreia do Sul, maior exportadora. A febre seguiu até meados da década de 1970, quando o movimento feminista passou a defender os cabelos naturais como símbolo de libertação das exigências da moda.

As pernambucanas que se dispusessem a pagar até Cr$ 15 mensais pelas perucas da Mesbla estavam literalmente voltando ao passado. O uso dos cabelos artificiais já era registrado no antigo Egito. Depois, na França, com o rei Luís XIV (1638-1715), passou a indicar as diferenças sociais entre as classes, tornando-se sinal de status e prestígio.

Para os saudosistas de plantão: a Mesbla, uma das redes varejistas mais conhecidas do país, fechou as portas em 1999. No Recife, era conhecida pelos seus produtos de qualidade e variedade de ofertas, antes da abertura dos shopping centers…