Publicamos mais uma série de cartões-postais do início do século 20 retratando a capital pernambucana. Desta vez, o destaque é para coleção comercializada pela Ramiro M. Costa & Filhos, proprietária da Livraria Contemporânea, na Rua 1º de Março, no bairro de Santo Antônio, próximo à antiga sede do Diario de Pernambuco.
A Ramiro Costa, como ficou mais conhecida a livraria, foi fundada no dia 2 de julho de 1888. Rapidamente tornou-se ponto de encontro dos intelectuais recifenses. Além de vender livros e material de papelaria, também entrou no nicho explorado por outras empresas, inclusive estrangeiras: os cartões-postais.
Um diferencial da Ramiro Costa era que suas imagens eram colorizadas. Pintadas manualmente com tons predominante de azul, as fotografias revelavam um Recife bucólico antes da invasão dos automóveis.
No dia 11 de julho de 1980, o Diario de Pernambuco publicou, no caderno Viver, uma reportagem assinada por Marilourdes Ferraz sobre a importância da Ramiro Costa para vida cultural recifense.
1) Basílica da Penha – Em estilo coríntio, pertencente à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, o templo teve seu acesso liberado em 1882, após 12 anos de construção. Seu arquiteto foi frei Vicente de Vicenzia, que projetou o templo inspirando-se na Basílica de Santa Maria Maior, de Roma.
A basílica estava fechada desde setembro de 2007 por causa do risco de desmoronamento em vários pontos. Foi reaberta em julho deste ano depois de uma reforma que custou R$ 6 milhões.
2) Estação Central – Localizada no bairro de São José, foi inaugurada em 1888 e arrendada pela Great Western of Brazil Railway Company. Funcionou até 1983, quando foi incorporada à rede do metrô. A saída dos trens passou a ser feita de uma estação ferroviária próxima ao Forte de Cinco Pontas.
O antigo prédio retratado no postal ganhou o nome de Estação Capiba e abriga ainda o Museu do Trem, criado originalmente pelo sociólogo Gilberto Freyre em 1972. Reúne um acervo que vai de apitos, bilheterias e relógios a locomotivas a vapor e um vagão.
3) Rua 15 de Novembro – Trata-se, na verdade, da tradicional Rua do Imperador, situada no bairro de Santo Antônio. No século 19, surgiu pela junção de três pequenas vias (a Rua do Colégio, a Rua da Cadeia Nova e a Rua de São Francisco) ligando a Praça 17 até as proximidades da Igreja de São Francisco.
Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, ganhou a denominação que consta no postal, mas a população continuou a chamá-la do antigo nome, como acontece até hoje.
4) Escola Livre de Engenharia – Instituição fundada em janeiro de 1905 por doze mestres da extinta Escola de Engenharia de Pernambuco, a primeira a abrir no Nordeste em junho de 1895 e a quarta a ser instalada no país, depois da Real Academia Militar (RJ), da Escola de Engenharia de Minas e Metalurgia de Ouro Preto (MG) e da Escola Politécnica de São Paulo.
A instituição pioneira, que funcionou em um prédio ao lado do Palácio do Campo das Princesas, havia sido fechada em 1904 pelo governo estadual sob a alegação de falta de recursos.
Agora livre, a nova escola era custeada pelos alunos e os professores ficaram durante 12 anos sem remuneração. O Diario de Pernambuco de 4 de fevereiro de 1905 registrou a ata de criação.
De 1905 até 1918, a Escola de Engenharia funcionou em um prédio no cruzamento da Rua do Príncipe com a Rua do Hospício, onde hoje é o quartel da sétima Região Militar.
A partir de 1919, a Escola de Engenharia instalou-se em um casarão situado na Rua do Hospício, número 371, doado pelo governador Manoel Borba. Em 1943, o imóvel foi demolido. No mesmo local foi erguido e inaugurado em 1945 o atual edifício.
A Escola de Engenharia fez parte da criação da Universidade do Recife, em 1946. Em 1965, a instituição de ensino superior ganhou a denominação de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 1967, a escola foi transferida para Cidade Universitária, abandonando o Centro do Recife.
5) Associação Comercial – Instituição fundada em 1839. Foi a primeira entidade de classe do estado e a segunda do comércio mais antiga do Brasil, precedida apenas pela do Rio de Janeiro.
A ACP sempre funcionou no Bairro do Recife. Primeiro, no prédio da Mesa das Diversas Rendas, junto ao Cais da Lingueta. Em 1865, mudou-se para a Rua do Trapiche, também chamada de Rua do Comércio. É justamente o casarão retratado neste postal.
A entidade também funcionou, por um tempo, no Arsenal da Marinha. Com a reforma urbana do Bairro do Recife, que resultou nas chamadas “obras do Porto”, no início do século 20, a Associação Comercial de Pernambuco investiu em uma nova sede.
Em 1913, teve início a construção da edificação eclética de 1,5 mil metros quadrados que hoje é uma das atrações do Marco Zero. O palacete foi inaugurado dois anos depois pelo Barão de Casa Forte, então presidente da entidade.
6) Quartel de Infantaria – No original, grafado como “Infanteria”. Na fachada do prédio consta o ano de 1887. Não foi possível obter mais informações.
7) Jardim Maciel Pinheiro – Na verdade, trata-se da Praça Maciel Pinheiro, inaugurada no dia 7 de setembro de 1876, no bairro da Boa Vista, em comemoração à vitória das tropas brasileiras na guerra do Paraguai (1864-1870).
O nome é uma homenagem ao abolicionista e republicano Luís Ferreira Maciel Pinheiro (1839 – 1889), nascido na Paraíba mas com sua história vinculada a Pernambuco. Jornalista e advogado, envolveu-se em debates a respeito da libertação dos escravos e partiu como voluntário para a guerra do Paraguai, onde contraiu a malária que lhe afetou pelo resto da vida.
O entorno da praça tornou-se reduto da colônia judaica antes mesmo da Segunda Guerra mundial. Na esquina da Travessa do Veras, por exemplo, morou Clarice Lispector (1920 -1977), nascida na Ucrânia mas naturalizada brasileira, uma das maiores escritoras do nosso país.
8) Ponte 7 de Setembro – Construção em ferro que recebeu esta denominação por ter sido inaugurada em 7 de setembro de 1865. Em 1915, o governador Manuel Antônio Pereira Borba ordenou a sua reconstrução pela estrutura existente atualmente, abrindo-a ao tráfego em 18 de dezembro de 1917. Recebeu o nome de Ponte Maurício de Nassau.
Com 180 metros de comprimento, ligando o Bairro do Recife aos bairros de Santo Antônio e São José, ela está assentada na base da que foi a primeira ponte do Recife, mandada construir pelo príncipe d’Orange em 1640.