Um estacionamento que não deu certo – a ideia era que os recifenses deixassem seus carros e de lá partissem para o Centro em coletivos – tornou-se um lugar onde os motores roncariam mais alto e sem multa por excesso de velocidade.
A ilha de Joana Bezerra tornou-se oficialmente o Autódromo do Recife no dia 27 de setembro de 1981. Há 34 anos, vinte mil pessoas prestigiaram uma festa que colocava a capital pernambucana no mapa do automobilismo nacional, mesmo com um circuito que claramente era improvisado. Ainda assim, a prefeitura investiu Cr$ 5 milhões na implantação do alambrado e adaptação da pista.
O autódromo da Ilha de Joana Bezerra tinha uma extensão total de 1.725 metros, com uma reta de 680 metros e uma pista com largura que variava de 9 a 12 metros. A primeira etapa do campeonato pernambucano reuniu 35 carros, entre Fiats 147 e Passats.
Logo cedo, na manhã de domingo, a multidão invadiu o espaço do autódromo que seria inaugurado oficialmente pelo prefeito Gustavo Krause, o mesmo que teve a ideia do estacionamento que seria uma mão na roda quase quatro décadas depois. Muitos dos fãs, no entanto, preferiram não pagar ingresso e ficar no viaduto, correndo o risco de serem atropelados.
O presidente do Conselho Técnico Desportivo Nacional, Carmine Naida, elogiou o novo autódromo, mas destacou que seria importante aumentar a largura da curva do Coque para evitar possíveis acidentes.
Carmine também criticou a existência de “tubulões” de cimento ao lado de sacos de areia. Sem estas adaptações, o local não poderia receber disputas de hot-cars e Fórmula Ford. Outra ameaça foi de invasão, mas não de espectadores e sim de um bode.
O Diario de Pernambuco do dia 28 de setembro de 1981 apresentou o evento com destaque, com direito a foto de capa e uma página inteira na editoria de Esportes. A festa teve início às 9h com um desfile de 13 carros antigos.
A primeira bateria teve início às 11h10, com a largada dos Fiats 147. Depois de um intervalo de meia hora, foi a vez dos Passats assumirem a pista. Os pilotos ainda retornaram para uma segunda bateria de cada categoria. No total, os competidores estiveram na pista por pouco mais de meia hora, somando as duas provas.
Na categoria A, disputada pelos Fiats 147, o pernambucano Robson Santos foi o primeiro, inclusive obtendo a melhor volta com 1m10s1d. Na categoria B, a dos Passats, o cearense Iran Lemos levou a melhor, registrando também a melhor volta: 1m8s.
A celebração só terminou às 14h30. O autódromo da Ilha de Joana Bezerra manteve-se em atividade até 1990. No local depois foi erguido o prédio do Fórum da Cidade do Recife.
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