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Banco Mundial mostra “avanço rápido” do Brasil na redução da pobreza extrema, mas crise pode  colocar em risco as conquistas

Vandeck Santiago (texto)
Marcelo Soares (foto)

Entre tantas notícias sobre a crise neste fim de semana – “Contas de Cunha na Suíça foram usadas para despesas pessoais”, “Presidente do TSE diz que tribunal tem poder para cassar Dilma”, “Inadimplência chega a quase 40% da população adulta no país”… -, uma me chamou a atenção mais do que outras. Era da BBC Brasil, dizia que “o número de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema no Brasil caiu 64% entre 2001 e 2013, passando de 13,6% para 4,9% da população, segundo dados divulgados nesta semana pelo Banco Mundial”. Uma queda de 64%.

Os novos números surgem após modificação da metodologia do Banco, que agora estipula em US$ 1,90 (cerca de R$ 7,32) por dia a linha de pobreza; antes era US$ 1,25 (R$ 4,81). Nesta a base de preços era de 2005, atualizada para cálculo dos novos índices. Aí a diminuição da pobreza extrema foi de 59%.

O especialista do Banco Mundial em América Latina e redução de pobreza, economista Emmanuel Skoufias, disse que a redução das taxas de pobreza no Brasil foi “mais rápida” do que a verificada em outros países, “apesar de todos os países latino-americanos terem se beneficiado do boom das commodities nos anos 2000”. De maneira geral, afirmou ele, “o Brasil é um dos países mais bem-sucedidos na redução da pobreza nos últimos 15 anos”.

Quais os principais responsáveis para este resultado? De acordo com o economista, foram os programas Bolsa Família e o Brasil sem Miséria, vistos por ele como “muito eficazes para evitar que pessoas caiam na pobreza e para ajudá-las a sair da pobreza”.

O leitor atento que me acompanhou do primeiro parágrafo até aqui pode estar perguntando: “Espera um pouco, o artigo ia falar sobre a crise e enveredou para falar do sucesso de programas sociais…” Não, é que a crise está chegando aí também. Primeiro, atentemos para o ano final do período analisado pelo Banco Mundial: 2013. Aí não estão computados dados de 2014 nem de 2015. Outra coisa é que segundo o IBGE, em pesquisa do ano passado, as taxas de queda da desigualdade no Brasil estancaram após anos de redução ininterrupta.

Quando a economia se desacelera, a luta contra a pobreza sofre de imediato o impacto, e “é possível que a atual crise econômica interrompa o avanço na redução da pobreza no Brasil”, informa a matéria da BBC, citando o Banco Mundial. O especialista Emannuel Skoufias acredita que “as redes de proteção em vigor no país deverão evitar que muitas pessoas voltem para uma situação de pobreza”.

Ninguém sabe até onde irá a crise, nem seus desdobramentos. Creio que, ao mesmo tempo em que ficamos de olho nos personagens e fatos da crise que vivemos no Brasil, é conveniente também mantermos a atenção para o que está acontecendo, e pode acontecer, com os mais pobres.