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Cenário de várias guerras, Israel está vendo uma nova sendo travada no campo do jornalismo, em duas frentes. A primeira delas é no impresso. O jornal que é líder de leitura no país é distribuído gratuitamente. Isso mesmo. O diário Israel Hayom não custa um centavo aos leitores e justamente por ter um grande público acabou atraindo anunciantes. Como se precisasse. Ele foi criado em 2007 e bancado desde então pelo bilionário norte-americano Sheldon Adelson, 82 anos de idade, dono de cassinos que é um dos maiores contribuintes particulares do Partido Republicano. Estima-se que ele já apostou US$ 50 milhões na empreitada israelense, pouca coisa considerando sua fortuna de cerca de US$ 40 bilhöes.

Por que Adelson, que repetidas vezes disse que “destesta jornalismo”, está gastando dinheiro no impresso? Apenas para ajudar o grande amigo Benjamin Netanyahu, que com o empurrãozinho desta grande mídia diária acabou se tornando o primeiro-ministro. A ligação é tanta que o Israel Haylom é chamado de “Bibiton”, Bibi (apelido de Netanyahu) + ton (a palavra hebraica para jornal).

Em novembro de 2014, deputados esquerdistas tentaram aprovar uma lei proibindo a distribuição gratuita de jornais, mas ela não foi aprovada. Em geral, a imprensa do país tem tons esquerdistas. Na prática, o único veículo que aprova integralmente a política de governo de Netanyahu é justamente o Israel Hayom, que detém 40.8% do percentual de leitores diários, seguido pelo Yedioth Ahronoth (35.5%), Israel Post (7.7%), Haaretz (4.6%), Globes (4.3%) e Maariv (4.2%). Vale lembrar que um jornal custa, em média, cerca de R$ 5.

A outra batalha é em relação ao imposto anual que é cobrado do contribuinte para manter a TV e a rádio públicas. Cada casa com aparelhos deve desembolsar cerca de R$ 500 para que as emissoras não necessitem de publicidade e escapem de uma possível censura do governo e do Congresso. A cada ano surge uma proposta para que esta taxa seja extinta. Como a palavra de ordem por aqui e resistência, o financiamento público não muda. Nossos colegas por aqui têm a liberdade de criticar a tudo e a todos, a não ser quando a questão é de segurança interna.

Nestes casos, muitas vezes eles se transformam em israelenses antes de voltarem a ser jornalistas.