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Alberto Ferreira da Costa começou sua vida empresarial com um pequeno negócio e escreveu seu nome na história do Hospital Português e da Rio Ave.

Thatiana Pimentel (texto)

Alberto Ferreira da Costa, que completa 90 anos em maio, construiu sua carreira na base da “fé cega e faca amolada”, ou traduzindo, com muito trabalho e foco nos resultados a longo prazo, dois componentes que não apenas se mostraram uma mistura de sucesso, como ajudaram a mudar a “cara” do Recife. Sim, porque além de comandar o maior complexo hospitalar do Norte/Nordeste há quase 30 anos, o Real Hospital Português, também é o fundador da construtora Rio Ave, uma das responsáveis pelos prédios mais representativos da capital pernambucana, a exemplo dos empresariais que definiram a vocação da Ilha do Leite: Thomas Edison, Graham Bell, Albert Einstein, Alfred Nobel, Isaac Newton e o Charles Darwin, empreendimento com 36 andares que será entregue em julho deste ano.
Além disso, a empreiteira, cuja primeira obra foram 11 casas no bairro de San Martin, em 1967, também assina diversos empreendimentos pioneiros em Boa Viagem, a exemplo do Edifício Dom Afonso Henriques, uma das primeiras construções de luxo da Avenida Boa Viagem, lançado em 1977. Em 2009, a construtora conseguiu outro feito, lançando o Quinta Avenida, que também inovou no mercado de construção civil local com itens exclusivos em seu condomínio, a exemplo dos jardins e da piscina com raia semiolímpica. O prédio fez tanto sucesso que levou o troféu master de Melhor Empreendimento do Ano, conferido pela Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE).
O mais recente desafio desse português nascido em São Simão da Junqueira, aldeia distante 30 quilômetros de Porto, em Portugal, cortada pelo Rio Ave, é o ramo hoteleiro, em que o grupo passou a atuar em 2009. Hoje, a empresa já conta com parcerias estratégias com operadoras de renome mundial como Marriot, Renaissance, Ibis, Fairfield, Meliá e Ramada. Bom currículo para uma construtora criada há quase 50 anos com as sobras de produtos do armazém de construção que o próprio Alberto Ferreira da Costa havia inaugurado na Torre, em 1965. O saldo fica ainda mais positivo se você souber que Alberto chegou no Recife em 1951, com 15 anos, trazendo uma mala na mão e deixando todas as suas referências e família do outro lado do Atlântico.
“Vim pela esperança. Na época, com a Europa vivendo o pós-guerra, o Brasil representava a chance de dias melhores. O jovem é impulsivo, o que é bom porque nessa fase respondemos mais rápido aos desafios da vida. Eu mergulhei de cabeça na oportunidade e, ao que parece, deu muito certo para mim”, detalha. Na chegada, Alberto trabalhou como vendedor em uma mercearia. Oito anos depois, com 23 anos, pediu um empréstimo de 90 contos de réis (sim, ele ainda lembra do valor!), para abrir seu primeiro negócio; um bar na Torre. Depois disso, Alberto se apaixonou pelo empreendedorismo e por gestão de empresas, tendo em seu histórico ainda uma passagem pelo ramo da panificação, até a entrada no setor de construção com armazéns de materiais, segmento no qual atuou por cinco anos.
Os filhos, que vieram do casamento com Dona Maria do Carmo, em 1964, também entraram de cabeça nos negócios. Hoje, Alberto Ferreira da Costa Júnior, o caçula, é o diretor comercial da Rio Ave. Ele tem companhia dos irmãos Álvaro José Ferreira da Costa, diretor administrativo, e Claudia Ferreira da Costa, diretora financeira. Seu neto Hugo Ferreira da Costa também trabalha nos negócios da família e é diretor da AFC Soluções Ambientais, uma empresa do grupo Rio Ave, cujo objetivo é oferecer soluções ambientais e tratamento de efluentes industriais e sanitários.
O foco de Alberto continua sendo o futuro. Mesmo com 90 anos, o administrador não deixa de pensar estrategicamente e já projeta para os próximos meses seis entregas. A primeira será a do hotel Meliá Barra, que fica em Barra de Jangada, em março, seguido do Ramada Hotels and Suítes, que será inaugurado até julho em Boa Viagem. No segundo semestre, será a vez da Rio Ave entregar os residenciais Central Park, na Jaqueira, e Lincoln Avenida, em Boa Viagem. Ambos em setembro. E o Charles Darwin, prédio mais alto construído pela empresa, com 36 andares, também sairá este ano, sendo aberto ao público em outubro e compondo o Rio Ave Corporate Center, que conta com seis torres comerciais na Ilha do Leite.
“Já para o RHP, tenho o sonho de lançar um prédio exclusivo para todo o tipo de diagnóstico por imagem. Acho que o povo pernambucano merece isso. Tenho até o terreno separado. Até 2020, se tiver saúde, realizarei esse sonho. Não quero parar. Quando você faz o que gosta, o trabalho é lazer”, completa sabiamente Alberto Ferreira da Costa.