Na década de 1970, o terror tomava conta até do carnaval recifense. Em 1976, o folião que saiu para brincar no domingo à noite se deparou com a perna cabeluda e o tubarão (do filme que havia estreado em dezembro de 1975). Os dois monstros estavam juntos graças à imaginação do capoteiro Cosme Marques de Melo, que montou sobre uma Veraneio uma escultura onde o peixe de Spielberg (leia mais aqui) abocanhava a aberração criada pelo escritor Raimundo Carrero em uma crônica publicada no Diario de Pernambuco (leia mais aqui).
No dia 29 de fevereiro de 1976 (ano bissexto já era estranho), há 40 anos, o jornal trazia reportagem no seu suplemento de Domingo apresentando os candidatos do concurso de carros decorados promovido pela Empresa Pernambucana de Turismo. Era uma tentativa de reviver o corso, celebração em que os foliões saíam a desfilar em carros enfeitados com motivos carnavalescos.
O encontro do tubarão com a perna cabeluda competia numa categoria à parte. Cosme tinha como forte rival o mecânico Paulo Albergaria Filho, que entrava no páreo com dois Fuscas adaptados. O primeiro, o Volks rendado, ainda podia ser visto circulando pelo Recife nos últimos anos. O segundo era uma baleia confeccionada com ferro, eucatex e napa. A língua vermelha era o capô pintado do veículo.
No resultado final, o tubarão e a perna cabeluda ficaram em segundo, atrás da baleia e à frente do Fusca rendado. Aos poucos, carros decorados como esses é que se tornaram lenda.