27.01

 

A decisão da Azul de instalar o seu centro de conexões em Pernambuco trará grandes benefícios para o estado, incluindo a geração de mais empregos.

Luce Pereira (texto)
Jarbas (arte)

A notícia não poderia ser melhor para os pernambucanos: a Azul – Linhas Aéreas Brasileiras escolheu o estado para fazer o seu “hub” (centro de conexões) no Nordeste e vai ligar o Recife a mais doze cidades, operando a partir do Aeroporto Internacional dos Guararapes/ Gilberto Freyre. Saímos ganhando não apenas com a oferta de mais voos para destinos da região como com a geração de empregos e o incremento do turismo. A expectativa natural é de que haja barateamento das tarifas e o valor das passagens passe a atrair um número cada vez maior de passageiros. Bom para o segmento, que deve colher resultados expressivos também a curto prazo.
Em um contexto econômico tão delicado, com os estados oferecendo todos os tipos de facilidades fiscais a fim de atrair novos investimentos, qualquer um gostaria de ser escolhido para receber operação de grande porte, aqui vista como expansão da malha regional. Trata-se de uma das empresas mais sólidas do segmento, com a qual Pernambuco tem mantido diálogo dos mais proveitosos, ainda mais depois da aquisição da portuguesa TAP, que há 40 anos se estabeleceu no Recife e segue estreitando laços com consumidores locais. Na verdade, falamos de uma parceria que se traduz por clara tendência dos dois lados de alargar caminhos e horizontes.
Como não poderia deixar de ser, os números que refletem este entendimento se mostram animadores: pelo menos 32 voos diários para 24 cidades e, entre pousos e decolagens, uma movimentação anual de 75 mil aeronaves. Isto sem falar que o Recife, distando apenas 300 quilômetros de três capitais, estará acessível a 16 milhões de pessoas, razão pela qual o trade turístico já reúne motivos de sobra para comemorar a escolha da Azul. Celebremos com muito “frevo” e confiança renovada em que as novidades nesta área não terminarão por aqui.
Resta ainda a expectativa em torno do hub da Latam, assunto que dominou os debates ao longo de 2015, desde que a companhia passou a estudar a implantação de um centro de conexões internacionais no Recife, em Fortaleza (CE) ou em Natal (RN). Os investimentos seriam da ordem de R$ 3,9 bilhões e cerca de oito mil empregos gerados, o bastante para animar qualquer dos envolvidos na disputa. Entretanto, o anúncio da Azul criou opiniões divergentes sobre as expectativas em torno de mais um “hub”. Nos meios acadêmicos, reina o otimismo. Especialistas acreditam que uma conquista “puxará” a outra, pois a mais recente funcionaria como indicativo inquestionável de viabilidade: tanto o aeroporto quanto os atrativos colocados na mesa de negociações pelo governo, além da infraestrutura da cidade, funcionariam como apelos naturais para convencer a Latam. Outra corrente, ao contrário, acredita que a tendência seria a opção por outro endereço, pois o espaço se tornaria pequeno para duas gigantes com o mesmo apetite.
Contudo, independentemente do que o futuro reservará, a decisão da Azul Linhas Aéreas de ampliar sua atuação aqui merece, sem sombra de dúvida, ser vista como a primeira grande notícia do ano para os pernambucanos. No mínimo, razoável sinal de que outras poderão surgir e oxigenar sobretudo o turismo, vocação natural do estado, vitrine que costuma evidenciar a importância dele aos olhos do país e do mundo. Sem baixar a guarda, é possível, sim, contribuir para que este ano não seja igual “àquele que passou”, mas bem melhor. O segredo está em seguir acreditando.