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Em 1940, o empresário Adelmar da Costa Carvalho (o mesmo que dá nome ao estádio da Ilha do Retiro) valeu-se da planta do transatlântico Queen Elizabeth para construir sua residência na Corta-Jaca, uma área de Boa Viagem que ganhou essa denominação porque era que ali Carlos de Lima Cavalcanti, governador vitorioso da Revolução de 1930, gostava de tomar banho. Imediatamente, os recifenses com tendência a puxa-saco começaram a mergulhar no mesmo local, desejosos de que a autoridade os visse. Na verdade, a ideia de construir sua excêntrica mansão, que virou automaticamente um cartão-postal recifense, Aldemar teve quando viu uma casa em formato de navio nas margens do Lago Como, na Itália

O empresário adquiriu, por dez mil contos, o terreno de um norte-americano residente na orla da capital pernambucana, com quarenta metros de frente. Como era o dono da maior empresa de construção do Nordeste, dinheiro, material, equipamento e operários não eram problema. Difícil mesmo foi convencer a esposa, que não queria morar em Boa Viagem, lugar distante meia hora da parte urbanizada do Recife. Mais difícil ainda foi contratar o arquiteto Hugo de Azevedo Marques, que relutou em aceitar o projeto. O renomado profissional acabou transformando o transatlântico em um iate de três andares, todo em concreto armado.

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No dia 8 de julho de 1981, o Diario de Pernambuco noticiava o início da demolição da popular casa-navio, localizada no número 4.000 da Avenida Boa Viagem. O trabalho teve que ser realizado em 90 dias, por dez homens, de forma artesanal. O restaurante Tombadilho, que funcionava ao lado e oferecia até banhos de piscina a seus frequentadores, também havia sido adquirido pelo mesmo grupo imobiliário.

A casa-navio era um ponto de referência em Boa Viagem, hospedando personalidades e atraindo turistas. Até o presidente Juscelino Kubitschek participou de um encontro no local. A Metro-Goldwyn-Mayer chegou a enviar uma equipe para registrar em filme a mansão pernambucana. Maior revista em circulação do Brasil, O Cruzeiro fez também uma ampla reportagem. Ligando a avenida Beira-Mar à Navegantes, a casa-navio fez história. Tanto que parte dos comentários sobre a postagem anterior do filme sobre o Recife em 1954 era sobre ela. Demolida, tem sua história preservada aqui.