Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor… Há 30 anos, no dia 18 de fevereiro de 1986, o homem que em 1957 musicou estes versos de Guilherme de Brito e Alcides Caminha cravava um espinho no nosso coração. Nelson Cavaquinho, instrumentista de mão cheia, poeta-sambista, velha guarda da Mangueira, saía de cena, vítima de um enfisema pulmonar.
Em 74 anos de vida e mais de 40 anos de carreira, Nelson Antônio da Silva gravou apenas quatro LPs. Queria ele mesmo interpretar suas criações, muitas delas com parceiros que entraram com dinheiro para sustentar a boemia e a família do artista. No carnaval de 2011, a Estação Primeira de Mangueira homenageou-o pelo seu centenário de nascimento, com o enredo “O Filho Fiel, Sempre Mangueira”. Ficou em terceiro lugar.
No Diario de Pernambuco do dia 19 de fevereiro de 1986, a informação sobre a sua morte foi acomodada na página de Últimas Notícias. A convocação de bispos e cardeais pelo papa João Paulo II ganhou a manchete. O texto sobre Nelson Cavaquinho vinha logo abaixo, assinado por Ivanildo Sampaio. Um relato de quem o conheceu de perto. Que fica como homenagem nesta data. Porque espinho não machuca a flor.
Mais ainda no ano que a Mangueira foi campeã do carnaval no Rio de Janeiro com o enredo contando a história de outra lenda da Música Popular Brasileira, Maria Bethânia. Neste vídeo em forma de homenagem, Bethânia interpreta “Pranto de poeta”, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, acompanhada por Paulinho de Viola no filme Saravah, de 1969, dirigido pelo francês Pierre Barouh.
No vídeo abaixo, Nelson Cavaquinho é estrela em 1973 do Programa MPB Especial, da TV Cultura, dirigido por Fernando Faro e com a participação de Guilherme de Brito. A dupla interpreta “A Flor e o Espinho / Minha Festa”.