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“Quando, em 1926, o agora capitão Virgulino desceu do Juazeiro do Padre Cícero, mais de 20 mulheres acompanhavam os bandoleiros. Agora o Rei do Cangaço tinha sua rainha”.

Há 50 anos, o repórter Severino Barbosa publicava no Diario de Pernambuco um longo texto sobre a entrada das mulheres no cangaço, destacando o papel de Maria Déa, a baiana da Fazenda Malhada do Caiçara, em Jeremoabo (terras hoje pertencentes ao município de Paulo Afonso), que enfeitiçou o pernambucano de Serra Talhada.

Tornou-se a rainha de um Sertão violento até cair junto com o companheiro no dia 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, em Sergipe. A relação de 12 anos gerou uma filha – criada em segurança à distância – e ferimentos.

Num ataque de Lampião à Vila Serrinha, hoje pertencente ao município de Paranatama (Agreste de Pernambuco), Maria Bonita foi baleada na perna. Saiu do local da luta nas costas de Virgulino, dentes cerrados para não gemer.

Imortalizada nas imagens de Benjamin Abrahão, o sírio destemido que fez fotos e filmes com o casal posando com cachorros, jornais e armas, Maria Bonita personificou a presença feminina no cangaço. Outras sofreram tanto como ela, vivendo na caatinga, a morte como ameaça constante.

O texto de Severino Barbosa lembra outras cangaceiras e usa o recurso da poesia de cordel para pontuar uma história fabulosa, registrada desde o início pelo Diario de Pernambuco. Como o repórter destaca quase no final: “É o amor vivido nas matas cheias de espinho do Nordeste”.