O Recife comemorou, no dia 12 de março, 479 anos de sua fundação. Uma data para ser cantada em prosa e verso. Os dois estilos foram reunidos pelo Diario de Pernambuco no dia 2 de novembro de 1975, em um especial sobre a cidade que mudou muito de cara nestes últimos 40 anos. Uma página inteira do jornal foi dedicada a poemas de autores pernambucanos (ou não) sobre a capital.
Carlos Pena Filho (Hoje, serena, flutua, metade roubada ao mar, metade à imaginação), Mauro Motta (Vestes o Recife e voltas para casa, quase nua), Augusto dos Anjos (Lembro-me bem. A ponte era comprida, e a minha sombra enorme enchia a ponte), Manuel Bandeira (Não a Veneza americana, não a Mauritssad dos armadores da Índias Ocidentais, não o Recife dos mascates), Joaquim Cardoso (Toda a cidade, eu vejo, está transfigurada: é um campo desolado, negro, enorme), César Leal (Um vasto império por mocambos coroado) e João Cabral de Melo Neto (E neste rio indigente, sangue-lama que circula entre cimento e esclerose com sua marcha quase nula) tiveram suas odes ao Recife destacadas.
Bom para quem já as conhece, melhor ainda para os que gostam de descobrir a cidade através do olhar dos poetas. Parabéns, Recife. E desculpe o atraso.