Há 54 anos, o Recife entrava no mapa do jazz graças a um pioneiro grupo norte-americano deste estilo musical que veio ao Brasil beber da fonte da bossa nova. “Journey to Recife” foi composta pelo contrabaixista Richard Evans, que tinha 30 anos quando desembarcaria em Pernambuco como integrante do Paul Winter Sextet. Em 1962, o sexteto – primeira banda de jazz a tocar na Casa Branca – excursionou pela América do Sul como embaixador do Departamento de Estado norte-americano, fazendo 160 concertos em 23 países, incluindo outros continentes.
A música em homenagem ao Recife abriu o lado A do vinil gravado ainda em 1962 no Rio de Janeiro e em Nova York, “Jazz Meets The Bossa Nova”, lançado pela Columbia Records, com produção de John Hammond. Trata-se de uma das duas músicas originais compostas pelo sexteto, que nas outras dez faixas reinterpretou sambas clássicos e sucessos do novo estilo musical de Jobim e companhia, como “Samba da minha terra”, “Bolinha de papel”, “Chega de saudade”, “O barquinho”, “Insensatez”…
No dia 1º de maio de 1962, em uma matéria perdida entre muitas outras na sua página 5 do primeiro caderno, o Diario de Pernambuco anunciava que o Paul Winter Sextet se apresentaria nos dias 22 e 23 de junho no Teatro de Santa Isabel. No dia 17 de junho, na seção Discos, o jornal trazia a biografia dos integrantes do grupo. Sobre os dois shows, no entanto, surpresa: nenhuma linha. No site oficial sobre Paul Weller, também não há uma informação sobre a capital pernambucana nas datas da turnê brasileira. Eles estiveram realmente no Recife?
Sobre “Journey to Recife”, Richard Evans teve que brigar na justiça para conseguir ser reconhecido como compositor, uma vez que por anos a música foi creditada erroneamente ao famoso pianista Bill Evans. Richard a criou antes de mesmo de ter vindo à capital pernambucana, assim como uma peça que levou o título de Montevidéu. O que lhe atraiu foram realmente os nomes de lugares distantes. O que importa, nesta história toda, é que o Recife tem um hino em jazz que até hoje desperta a atenção dos amantes deste tipo de estilo. O YouTube que o diga.