O mais antigo mapa da Vila de Olinda e povoação do Recife data de 1586. Foi elaborado pelo cartógrafo português Luís Teixeira e consta do livro “Roteiro de todos os sinais na costa do Brasil”. A atual Zona Sul da capital pernambucana era tratada na época como “terra da banda do sul”, após o Rio dos Afogados.
A imagem foi republicada no Diario de Pernambuco em 9 de janeiro de 1977, na capa do caderno Panorama, para ilustrar como as duas cidades estavam crescendo de forma acelerada. Em 36 anos, do 5º recenseamento geral nacional do IBGE, em 1940, até dezembro de 1976, 1,2 milhão a mais de pessoas passaram a viver em Recife e Olinda. Era o diagnóstico de um “inchaço” que passaria a comprometer os já não tão acessíveis serviços públicos, principalmente abastecimento, saneamento e transportes.
O levantamento do repórter Tadeu Rocha já mostrava que o desenvolvimento do Recife estava pendendo para a Zona Sul. Entre os censos de 1960 e 1970, Boa Viagem havia crescido incríveis 102%. O bairro já havia se tornado o segundo mais populoso da capital pernambucana (14,75%), perdendo apenas para Casa Amarela (15,75%).
Hoje, 430 anos depois do mapa de Luís Teixeira, a “terra da banda do sul” do Recife ficou muito valiosa. A reportagem de Tadeu Rocha, publicada há quase 40 anos, projetava qual os bairros que mais cresceriam de população. Uma coisa era fácil de acertar. A parte mais antiga da Cidade Maurícia passaria a ter menos almas. Os bairros de Santo Antônio e São José foram fortemente impactados pela construção da Avenida Dantas Barreto, em 1973, cujo projeto pôs abaixo cerca de 900 habitações, sem contar a Igreja dos Martírios. Tudo para uma ligação viária mais rápida para onde? A “terra da banda do sul”.