Imagine-se num lugar barulhento, cheirando a cigarro (tem até usuário de cachimbo), onde se tem horário para entrar e nenhuma previsão de sair. A vantagem era olhar para o lado e aprender com profissionais do naipe de Nelson Rodrigues e João Saldanha.

Era assim a vida de um estagiário na década de 1970 na redação de um jornal, neste caso O Globo do Rio de Janeiro, que serviu de cenário para um documentário produzido pela Agência Nacional sobre a presença de jovens quadros no mercado de trabalho.

O interessante filminho foi disponibilizado pelo Arquivo Nacional através da fanpage oficial Arquivo em Cartaz. Além de outros artistas da palavra escrita, o trecho traz depoimentos de Tereza Rachel e Gustavo Dahl, entrevistados por uma jornalista iniciante não creditada.

Em Pernambuco, a renovação nas redações se deu de forma mais forte no final da década de 1980. No Diario, uma geração cheia de teorias da universidade conviveu com pessoas que se formaram no batente. A chegada dos computadores acabou acelerando o processo de atualização dos quadros. Os veteranos acabaram em nichos, como editores e colunistas. Ir às ruas acabou ficando a cargo dos focas.

Neste século 21, as redações vivem um novo ciclo de renovação com a chegada de estagiários convocados para trabalhar em redes sociais. Um novo mundo e uma nova linguagem. Nelson Rodrigues e João Saldanha, pelas suas tiradas, se adaptariam a este novo mundo profissional. Curtir já é outra história.