Ele era o tipo que falava a verdade quando não devia, enganava os amigos, entregava os colegas de trabalho e era inconveniente com estranhos, mulheres e crianças. O personagem criado pelo pernambucano Péricles de Andrade Maranhão (1924-1961) foi publicado pela primeira vez na revista “O Cruzeiro” em 23 de outubro de 1943. Acabou incorporado à cultura nacional.
Nascido em Buenos Aires em 1926, Jorge Palacio concebeu um personagem muito parecido com o de Péricles, mas com o humor típico dos portenhos. “Cicuta” era o tipo que não perdoava ninguém, a léguas do que seria politicamente correto. Conhecido também como Faruk, Jorge Palacio faleceu em 2006, aos 80 anos de idade.
“Cicuta” ganhou uma versão brasileira na década de 1950, auge da fama do personagem na Argentina. No dia 30 de julho de 1954, o Diario anunciava, na sua capa, que publicaria com exclusividade no estado as histórias em quadrinhos da figurinha agora rebatizada de “O Tenebroso”. “Dessas histórias, o herói é um notável boneco que, em apenas três quadros, com legendas em português, apresentará aventuras gozadíssimas e capazes de fazer rir aos mais sisudos leitores”.
Não havia nenhuma menção de que o autor era argentino. As historinhas não eram assinadas e se fazia o máximo para adaptá-las à realidade brasileira. Ou pernambucana, como no caso em que a música escolhida por “O Tenebroso” para fazer um pobre coitado “dançar” literalmente era um frevo.
Antes diárias em 1954 e 1955, as tiras de “O Tenebroso” no Diario de Pernambuco começaram a ficar mais esparsas em 1956, às vezes chegando a uma por mês. O personagem apareceu pela última vez no jornal em 18 de agosto de 1956. Há 60 anos, o amigo da onça portenho saía de cena. Os personagens da vida real acabaram lhe superando, Como acontece hoje.