Cidade intimamente ligada ao Capibaribe, o Recife cresceu ocupando o território de várzea que permitiu uma verdadeira explosão populacional. Entre 1782 e 1850, o número de moradores na capital pernambucana – então a terceira maior do país – passou de 18 mil para 70 mil. Na primeira metade do século 19, a extensão que vai da Boa Vista e da Madalena até Caxangá e Várzea foi sendo ocupada gradualmente por habitações, transformando sítios, chácaras e engenhos nos bairros conhecidos hoje. Um fenômeno registrado no Diario de Pernambuco através dos anúncios de vendas de casas nestas novas áreas, com a devida publicidade de que era bom viver nos arrabaldes.

Desembarcado no Recife no dia 31 de dezembro de 1853, depois de viagem a bordo do navio Thames, da Mala Real Inglesa, o fotógrafo Theóphile Auguste Stahl registrou em imagens alguns dos sítios que hoje são referências de habitacionais nobres. O acervo integra a coleção do Instituto Moreira Sales e apresenta elementos de estudo das edificações de época, como os casarões da Madalena (com as armas imperiais), Benfica e Chacon, além dos descampados de Afogados, Apipucos e Engenho Junqueira.

Além da possibilidade de refrescar-se nos dias mais quentes, morar perto do rio tinha a vantagem ainda de transporte fácil até a zona central do Recife. Antes de canoa, depois por meio terrestre, com as primeiras estradas. Em 1855 já havia serviço regular de ônibus – isto é, uma diligência com cavalos – do Centro para Apipucos, uma distância de oito quilômetros em linha reta.

Estas curiosas informações foram retiradas do livro “Espaço intra-urbano no Brasil”, publicado por Flávio Villaça em 2001 pela editora Studio Nobel.