Em 11 de março de 1974, a capa do Diario de Pernambuco trazia como foto principal o registro do primeiro gol da vitória do Náutico sobre o Atlético Mineiro por 2 a 0, marcado por Paraguaio (o outro foi de Jorge Mendonça), na estreia do Brasileirão. Mais abaixo, uma recifense que pôs o biquíni mesmo em um dia chuvoso. Para completar as imagens na primeira página, um oriental de cara séria, encarando o leitor com orgulho. Tratava-se da melhor história da edição, disparado.
O personagem era o tenente japonês Hiro Onoda, que foi localizado na ilha de Lubang, nas Filipinas, 29 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Aos 52 anos de idade, ele não acreditava que o seu país havia se rendido em agosto de 1945, após a deflagração de duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.
Onoda só saiu de seu esconderijo na selva quando recebeu a ordem vinda do seu ex-comandante, o major Yoshini Taniguchi, que foi à ilha resgatar seu antigo oficial do extinto Exército Imperial. Onoda havia sido enviado às Filipinas em 1944 com a orientação expressa de resistir até fim, “mesmo que suas unidades fossem destruídas”.
Foi recebido no Japão como um herói e se emocionou ao encontrar os pais, já idosos. Onoda acabou vindo morar no Brasil, criando gado em uma fazenda no Mato Grosso do Sul, mas regressou à terra do sol nascente na década de 1980. O último samurai, como chegou a ser chamado, morreu em um hospital em Tóquio, no dia 17 de janeiro de 2014.