A publicidade pernambucana perdeu um dos seus maiores nomes, criador de comerciais e jingles que se incorporaram ao vocabulário musical de gerações. Ex-repórter e ex-radialista, o “matuto de Limoeiro” Carol Fernandes, aos 79 anos, deixou uma história marcada pela valorização dos tesouros nordestinos. À frente da Itaity Publicidade, fundada em 1968, ele concebeu uma campanha para as Casas José Araújo, em 1975, que foi criticada na época por colegas publicitários e jornalistas como um “folclore chapliniano”. Só que o povão – como afirmava Luiz Gonzaga em uma inserção famosa antes do Jornal Hoje, da TV Globo – gostou. E muito.
Os prêmios começaram a surgir. Além das peças para as Casas José Araújo – de Nossa Senhora da Conceição até Davanira – Carol Fernandes também fez sucesso com criações para a Casa Lux Ótica, como o cego e Gandhi, além do Colégio União, Esposende, Café São Braz… Em 1978, a Itaity foi considerada a agência do ano em Pernambuco, vencendo nas categorias “melhor outdoor”, “melhor conjunto de anúncios”, melhor fonograma” e “melhor campanha de varejo”. Em 1979, foi considerado o publicitário do ano, em prêmio da revista Propaganda e do Diario de Pernambuco.
“É melhor fazer uma linguagem regional, de primeira qualidade, do que tentar fazer uma pretensa comunicação universal, de terceira ou quarta qualidade. Nossos clientes estão na terra e seus consumidores também”, afirmou, ao receber voto de aplauso por sua obra em 1979 na Assembleia Legislativa. No dia 31 de dezembro, o Diario de Pernambuco revelava os segredos de criação de Carol Fernandes, em página inteira assinada por Aldo Paes Barreto.
Em 1983, ele decidiu não submeter mais seus trabalhos em festivais. Outra característica era também não participar de licitações públicas. Defensor das agências de publicidade locais, Carol Fernandes já ressaltava que era necessário acompanhar a tecnologia, principalmente na área de marketing. Os clientes sempre precisam de soluções inteligentes. Ainda mais nestes tempos atuais, de fusões no mercado publicitário e menos dinheiro para campanhas. Se havia um caminho para a nossa propaganda, Carol Fernandes não apenas o apontou. Foi na frente, que não era besta.