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Desde o ano de 1992 já foram registrados 24 mortes por ataques de tubarão no litoral pernambucano, no trecho de 32 quilômetros compreendendo as praias de Olinda (Carmo e Del Chifre), Recife (Pina e Boa Viagem) e Jaboatão dos Guararapes (Piedade e Candeias). Somando as ocorrências onde banhistas e surfistas escaparam com vida (em muitos casos, sofrendo amputações), até Fernando de Noronha entra na lista. Nos últimos 24 anos, o estado contabiliza 61 ataques de tubarão. Placas sinalizam o perigo que, na verdade, vem de longe. Há quase setenta anos, o Diario de Pernambuco registrou uma trágica morte provocada pelo “predador dos mares”. A vítima? O frei Serafim.

No dia 11 de outubro de 1947, o jornal trouxe a história do frade carmelita arrastado para o fundo do mar por um tubarão. Hoje manchete obrigatória, o assunto estava perdido em uma página onde o principal destaque era um embate da bancada comunista com o governador interino. O corpo foi devorado do tórax para baixo. Frei Serafim estava com um grupo de religiosos na Praia de Piedade, em Jaboatão, quando foi atacado por um peixe grande. Alarmados, os outros frades tentaram socorrê-lo, mas ele desapareceu. Pescadores viram o animal aparecer na superfície com tal ímpeto que arrombou a rede. Frei Serafim tinha 27 anos de idade.

Frei André, um dos participantes do banho, havia sonhado na véspera que ele e seus companheiros eram devorados no pátio do Convento do Carmo por uma grande cobra, que os envolvia a todos nos seus anéis. “Será que vai nos acontecer alguma coisa?”, teria perguntado ao seu superior. Realmente aconteceu.