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No dia 18 de janeiro de 1955, o Diario de Pernambuco destacava na coluna “Rádio” a vinda ao Recife de uma grande estrela nacional. Seria a primeira temporada no “norte” do famoso intérprete de “Blue Gardenia”. O nome dele? Cauby Peixoto, cantor que neste 16 de maio de 2016 se despediu dos seus fãs após 85 anos de vida.

Há seis décadas, o astro que fazia as fãs desmaiarem ao ouvi-lo e que tinha as roupas rasgadas se apresentaria na Rádio Tamandaré, no programa “A taba se diverte”. O auditório do Palácio do Rádio, na Avenida Cruz Cabugá, ficou lotado em plena segunda-feira.

O texto publicado no jornal já mostrava a dimensão de Cauby no cenário artístico nacional antes do domínio da televisão: “Cauby Peixoto é o que se pode chamar de autêntico fenômeno, um desses casos excepcionais. Rapaz moço, de agradável presença, resolveu dominar o rádio e o conseguiu com facilidade. Vendo-o cantar no Rio, vários brotinhos desmaiaram, suspiraram a valer, fizeram estardalhaço. Era um novo ídolo que despontava. E querido pelo grande público feminino, Cauby Peixoto venceu”.

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Durante toda a semana, o Diario trouxe um anúncio da apresentação de Cauby, com a foto do cantor e seu indefectível bigodinho e cabelo no gel. Ele seria acompanhado por Chiquinho da Sanfona, integrante do famoso Trio Surdina. Há 60 anos, as longas turnês dos artistas radicados no Sudeste eram raras para outras regiões. Mas a modernidade estava chegando também nesta área.

Cauby era astro exclusivo da Rádio Tupy do Rio. Fez duas apresentações na Rádio Tamandaré e ainda participou de uma tarde de autógrafos e distribuição de fotografias de uma loja de discos. No dia 30 de janeiro de 1955, um domingo, o Diario trouxe duas fotos de Cauby na sua curta passagem ao Recife, ao lado do acordeonista Chiquinho e entre duas fãs. Delas, ele recebeu uma faixa com a inscrição “o nosso preferido”.

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O ano de 1955 seria de Cauby. Em março, o Diario voltaria a registrar seu nome, desta vez como participante do filme “Carnaval em Marte”, um musical produzido e dirigido por Watson Macedo. Em 1957, já sem o bigodinho, ele cantaria “Onde ela mora”, de Getúlio Macedo e Lourival Faissal no filme “Chico Fumaça” com direção de Victor Lima, arranjos para orquestra de Radamés Gnattali, produzido e estrelado por Mazzaropi em 1957.

Vale destacar que Cauby devia muito a Pernambuco pelo seu sucesso. Em 1953, na sua estreia como cantor, ele gravaria um baião composto por Belmiro Barrela intitulado justamente “Caruaru”. O 78 RPM foi lançado em novembro daquele ano pela Columbia. Logo depois, veio o fox “Blue Gardenia” e toda a história.