Há 50 anos, no início de fevereiro de 1966, Buster Keaton voltava às páginas de jornais, desta vez não para divulgar um novo filme. O astro da era de ouro do cinema mudo saía de cena definitivamente aos setenta anos de idade, vítima de um câncer. Morreu em Hollywood, mesmo lugar onde competia com Charles Chaplin, Harold Lloyd e Harry Langdon para ver quem arrancava mais risadas da plateia. Conhecido como o “homem que nunca ria”, Keaton enfrentava impassível todas as desventuras vividas por seus personagens.

“Perguntam-me sempre porque eu guardo uniformemente esta expressão desolada em todos os meus filmes. É que observei desde minha estreia no music-hall que uma vez terminado o ato mais ou menos cômico, provoca-se um riso maior se ficarmos indiferentes ou espantados com as gargalhadas dos outros. O homem triste é realmente mais engraçado que o cômico alegre. De alguma forma, o drama melhora a comédia”, explicou, em uma entrevista em 1962.

Nada do que aparecia na tela era improvisado. Atlético, Keaton – nascido no Canadá em 1896 – dominava as cenas com suas correrias, saltos e rodopios. Rivalizou com Chaplin como o melhor artista da sua época. Já no final de carreira, fazendo pontas nos filmes dos outros para ganhar uns trocados, ele já criticava o humor que vinha sendo praticado. Cinco décadas depois, a sua frase se adapta bem à praga do stand up em terras brasileiras: “Os cômicos hoje plantam-se diante do público para contar piadas. Este ou aquele me fará rir, mas como enriquecer nossa experiência pessoal no meio de uma tal monotonia?”.

Como esse blog é sobre jornalismo, o filme escolhido para apresentar ou relembrar Buster Keaton foi The cameraman (O homem das novidades, na versão brasileira), produção de 1928 que narra a história de um câmera de rua que consegue um emprego na unidade de cinegrafistas de notícias da MGM. Ao se apaixonar por Sally (Marceline Day), a secretária do cinejornal, ele resolve sair por Nova York em busca de furos. Acima, o trecho onde ele registra um tiroteio na Chinatown. Abaixo, a versão na íntegra, em full HD.