13.08

 

Dedicação de Luiz Gustavo Teixeira é inspiração para hoje e para a semana do Dia dos Pais.

Silvia Bessa (texto)
Rafael Martins/ Esp. DP (foto)

O sorriso mais largo de Gustavo diante de Duda se dá quando fala das evoluções no desenvolvimento da garotinha. São vitórias dela; dele também. Foi Gustavo quem notou os primeiros dentes nascendo. Ensinou como bater palmas para cantar parabéns, a acenar com um tchau, como responder um sim ou não com expressões faciais. Ele estava ao lado para mostrar como ela poderia juntar as mãos, sequenciar os dedos como se estivesse a rezar. E quando rezou em coro com a mãe da menina, Elaine Costa. “Dudinha agora aprendeu a coçar as costas. Olhe bem, não é a cabeça. Ela coça as costas!”, derrete-se em risadas divertidamente contidas pela timidez, após uma exclamação necessária na frase dita. Luiz Gustavo Teixeira – digo aqui baixinho pela obrigação jornalística da informação precisa – é padrasto de Duda, Dudinha, como ele se refere a ela.
“Que é isso, rapaz? Eu digo que sou pai mesmo dela. Eu estou aqui. Eu sou o pai”, responde de pronto quando alguém do convívio social da família por um lapso esquece que o sangue dele e da filha Duda não são os mesmos. Recado dado, a partir de então, portanto, nesse texto vamos esquecer a palavra padrasto, por uma questão de justiça. Segue-se: “É muito satisfatório vê-la assim melhorando. Coçar mesmo. Você já imaginou ver a pessoa querendo se coçar e não conseguir? é muito ruim. Eu a ensinei porque notava que ela tinha uma coceirinha nos pés. Aí, ela aprendeu, sentava e ficava coçando a cabeça. Depois, passou a coçar as costas”, narra ele, todo vaidoso. “Não perco a esperança de que ela vai andar, comer pela boca de novo e falar”, confessa.
Eduarda tem cinco anos. Ganhou Gustavo no seu convívio a partir de 1 ano e três meses. Ela já tinha o diagnóstico de microcefalia, uma má-formação que afeta o desenvolvimento do cérebro de uma criança. Não se sabe se a doença se deu por causas congênitas ou externas. Elaine era casada com o pai de sangue de Eduarda. Ela foi gerada na volta de um casamento que estava por se desfazer. Depois do nascimento de Duda, degringolou-se. Gustavo conheceu Elaine na faculdade. Eles eram amigos distantes, viram-se apenas duas vezes por um acaso após a gravidez de Elaine e ficou por aí. Gustavo esperou pelo sim de Elaine após separar-se. Em trinta dias, eles organizaram a vida nova: foram morar juntos.
“Ele primeiro conquistou Duda para depois me conquistar. Digo que fui aprendendo a gostar dele”, diz Elaine. Hoje ela é só agradecimento pelo amor de pai dado a sua Duda e à irmã mais velha, Ellen. “De tudo da casa, aquilo que ele mais me ajuda é com Duda”. No banho de Eduarda, o papel de Gustavo é emprestar a força dos braços. Na hora da alimentação, oferece colo. À noite, os olhos para salvaguardá-la em dias mais difíceis de cuidados da saúde. Em momentos de brincadeira, faz com a menina assim como quase todos os homens: imagina uma corrida de carros. Duda gosta, emenda a mãe.
“Quando você quer, tudo é possível. Claro, é um processo de adaptação. Leva para médicos, tem algumas dificuldades para a vida social, mas a gente supera porque estamos pensando no melhor para a criança”, diz. “Só evito aspirar as secreções dela porque não gosto do procedimento, mas quando é preciso faço também. Mas não faço nada extraordinário”, minimiza o pai. Com 38 anos, o líder técnico de uma indústria foi um dos ouvidos pelo webdocumentário Em Nome do Pai (bit.ly/EspecialEmNomeDoPai), lançado esta semana pelo site do Diario de Pernambuco. “Quando falo de Duda só lembro de Gustavo, pela dedicação e carinho dele com ela”, conta Elaine.
A relação entre Gustavo e Duda parece mais forte do que uma foto, um texto de poucas linhas. “Lembro de vários momentos que vivi com ela. Mas tem um bem interessante: quando ela estava na UTI certa vez. Eu cheguei em casa e rezei tão forte, tão forte que no outro dia Elaine me mandou mensagem dizendo que Duda estava de alta. Pode ser coincidência e tal, mas acho que não. Acho que ajudou e é muito bom vê-la aqui como resultado”. Este é Luiz Gustavo Teixeira, o pai de Duda.