20-09

 

Proximidade do Dia das Crianças ajuda a mostrar perigos aos quais as crianças estão expostas.

Silvia Bessa (texto)
Juliana Leitão (foto)

A tentação é grande, em especial em tempos de crise econômica e aumento da oferta de lojas de produtos chineses espalhadas por toda a cidade. O Dia das Crianças chegando, a meninada começa a sonhar e encontra pais dispostos a ceder aos apelos. Mas respire fundo e pense duas vezes antes de comprar o brinquedo mais vistoso, que parece a oferta mais generosa da década. As duas últimas apreensões feitas pelo Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) são um alerta importante para as semanas que antecedem o 12 de outubro.
Só ontem foram apreendidos em uma loja – a Le Biscuit do Shopping Rio Mar – 129 itens como bóias, óculos de mergulho, bancos desmontáveis, capacetes de proteção e patinete. Na semana passada, o alvo foi o Atacado dos Presentes, loja de grande porte que dedica um departamento lotado de opções. Da unidade do bairro da Torre, foram descartados cerca de mil brinquedos. Cestas de basquetes, cordas e outros tantos. Fiscais do Procon dizem que o destino desses brinquedos será o descarte. Sequer servem para doação porque não atendem às normas de segurança.
Aí está a palavra-chave e não pode ser ignorada, relativizada ou negligenciada. Trata-se do bem-estar de um filho, sobrinho ou amiguinho da família. Fica-se imaginando o grande susto ou dano que pode causar se um item de praia ou piscina desses apreendidos não sustenta o peso da criança, o utensílio de proteção não evita uma pancada na cabeça numa brincadeira aparentemente inofensiva. Já pensou nisso? Às vezes, nunca se cogita, mas acontece. Nem sempre é tão grave; por vezes, é um arranhão a mais causado por uma haste de carrinho ou a mão mínima de uma boneca articulável, mas o risco está lá rondando. O perigo pode ser grande e não só ameaça aos filhos dos outros.
Aqui no Brasil desde 1992 a certificação de segurança de todo brinquedo é obrigatória, se ele for utilizado por criança de até 14 anos. A recomendação independe se o produto é nacional ou importado. Quem responde pela certificação é o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), responsável por testes e ensaios físicos, químicos, mecânicos, toxicológicos, inflamabilidade e elétricos para avaliar se ele tem perfeitas condições de uso. Para ruído, por exemplo, existe norma (80 dB no caso de barulho contínuo). Caso seja aprovado pelo Inmetro, é fornecido um selo. Este selo é a principal referência para que os consumidores possam comprar um brinquedo. Para se ter uma noção do quanto se faz necessário o cuidado com a segurança: dados do Sistema de Monitoramento do Inmetro de Acidentes de Consumo (Sinmac) mostra que os a linha infantil é responsável por 13% dos relatos notificados entre 2006 e 2015. Dentro deste grupo, 28% dizem respeito a brinquedos e estão ligados a escoriações, arranhões, cortes, entorses e sufocamentos. As principais partes do corpo atingidas são: em mão, pé e face.
Sendo assim, seguem aqui as principais recomendações dadas por autoridades para a compra de brinquedos: 1 – Verifique a existência de selo do Inmetro impresso na embalagem ou em etiqueta fixada no produto, como as de pano, no caso de bichos de pelúcia – alguns selos são vistos em etiquetas de qualidade de organismos credenciados pelo Inmetro; 2 – Compre em lojas físicas e evite ambulantes – eles não oferecem garantia se o brinquedo tem procedência, é falsificado ou fabricado na clandestinidade; 3 – Exija a nota fiscal; ela lhe dará a proteção em caso de questionamentos; 4 – Siga as recomendações da faixa etária de referência a que o produto se destina e leia as instruções de uso antes de entregá-lo à criança; 5 – Observe partes pequenas que podem ser soltas e oferecer riscos, corantes, botões sonoros e altura de barulho (se ele for ruidoso para você, será para a criança).
É um começo. Não se deixe se entusiasmar pela euforia dos pequenos consumidores porque, para o bem da verdade, comprar brinquedo é coisa séria.