Balanço dos votos de acordo com zona eleitoral e bairros servirá como guia para campanha do Recife.
Silvia Bessa (texto)
Peu Ricardo (foto)
Dada a largada para o segundo turno, o Recife começa a ser esquadrinhado pelos dois adversários que disputarão o pleito no próximo dia 30 de outubro, o prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB) e o ex-prefeito João Paulo (PT). O que vai guiar as duas equipes é o balanço dos votos no último domingo. Ele permitirá traçar cenários de campos para crescimento e é a partir dessas informações que sairão roteiros para caminhadas, discursos e serão enfatizadas certas promessas de campanha. Claro, há de se avançar em todo o território municipal, sobretudo João Paulo que entrou com desvantagem em volume de votos (ele 23,76% contra 49,34% de Geraldo Julio). Mas três zonas eleitorais da capital desafiam de forma especial o petista na jornada que ele iniciou esta semana para reduzir a diferença de votos.
O maior problema – e talvez o principal alvo – para a equipe de João Paulo é a 149ª Zona Eleitoral, que engloba os bairros de Boa Viagem, Imbiribeira e Ipsep. Trata-se da maior zona eleitoral do Recife, com 92.150 eleitores aptos a votar. É um reduto relevante porque os pontos percentuais lá têm peso ampliado, se comparados a qualquer outro. Muito maior, por exemplo, que a 4ª Zona, da Boa Vista, Ilha do Leite, Santo Amaro e outros três bairros que somam 60.020 mil eleitores do Recife. Na 149ª, com parte de Boa Viagem e redondezas, João Paulo teve seu pior desempenho. Conseguiu apenas 15,16% dos votos. Ou seja, já seria ruim, mas a proporção de votantes nesse universo eleitoral torna o desempenho do candidato do PT ainda pior, se visto por um lado. Se visto por outro, pode-se pensar que na 149ª Zona está um campo fértil para que João Paulo busque o crescimento de sua candidatura.
Boa Viagem tem a maior parte dos eleitores da 149ª Zona Eleitoral. É um bairro com características muito específicas, sobretudo no que diz respeito à condição socioeconômica de seus moradores. Para se ter uma ideia da realidade de Boa Viagem: lá, o valor da remuneração média mensal dos domicílios gira em torno de R$ 7.100,00, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e a Prefeitura do Recife.
Uma segunda zona eleitoral na qual a disputa será ainda mais acirrada e merecerá atenção redobrada na campanha do segundo turno é a 150ª, que se refere ao bairros do Cordeiro, Engenho do Meio, Iputinga e afins. Soma o segundo maior grupo de eleitores do município, com 89.036 aptos a irem às urnas. Nela, João Paulo teve 19,71%, uma proporção inferior aos 20%. Teve zona eleitoral (é o caso da 7ª) na qual ele chegou ao pico de 28,86% dos votos.
A terceira zona eleitoral que mais chama atenção quando se trata de futuro e da matemática de votos é a 8ª zona, feita de eleitores dos Aflitos, Espinheiro, Graças, Rosarinho, Tamarineira, Torreão, Campo Grande, Capunga, Encruzilhada e Derby. Ela é uma das maiores (precisamente, a 4ª no ranking), com 80 mil eleitores aproximadamente. E destaca-se pela votação obtida pela deputada e candidata à prefeitura pelo DEM, Priscila Krause. Ela obteve nessa zona eleitoral 10,65% dos votos – percentual bem acima da média em todo o Recife. Na 8ª Zona, Geraldo Julio ficou com 50,54% dos votos (dentro da média dele nas demais zonas) e a candidatura de João Paulo teve uma aderência de 17,6%. Significa que ele precisa crescer mais nesta parte do Recife e os eleitores de Priscila e Daniel Coelho podem ser um caminho.
Os números são um começo, estudo importante e relevante para as madrugadas nos comitês. Mas até a vitória, seja lá de quem for, tem muita sola de sapato e saliva a serem gastas por candidatos e correligionários.