Se hoje o que preocupa os pernambucanos são as doenças trazidas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, zika vírus e chikungunya – há 25 anos o medo de contaminação tinha outro nome: cólera. O vibrião colérico – bactéria descoberta em 1883 por Robert Koch – provocou uma verdadeira epidemia no estado em 1992, causando a morte de 12 pessoas que não resistiram depois de ficarem desidratadas por súbitas diarreias. Além da água contaminada, a transmissão podia se dar através de alimentos mal lavados e também por peixes, crustáceos e moluscos.
Diante da crise, o governo do estado decidiu interditar todos os 189 quilômetros do litoral pernambucano por oito dias, até que as dúvidas fossem sanadas. Pescadores e comerciantes da área litorânea protestaram, assim como moradores da orla e dos adeptos de um bom banho de mar. Mas ordem era ordem.
Até que o Ministério da Saúde deu sinal verde para a liberação das praias. Para convencer a população de que não havia risco, o governador Joaquim Francisco trocou o terno pelo sungão e ficou dez minutos em Boa Viagem, entre mergulhos e algumas braçadas. Sua foto saindo do mar foi destaque na capa do Diario de Pernambuco de 19 de março de 1992.
Para completar o feito inusitado, Joaquim Francisco e o fiel secretariado que o acompanhou no mergulho saborearam uma peixada no Maxim’s. Vinte e cinco anos depois, agora é o presidente da República que vai a uma churrascaria para mostrar que a carne brasileira não é fraca…