Sonho de torcer pelo Brasil, indo para a Copa de 2018, tem preço salgado, algo em torno de R$ 21 mil.
Luce Pereira (texto)
Paulo Paiva (foto)
É muito provável que você nem chegue a lembrar, no próximo sábado, que numa tarde de um dia como aquele, há exatos três anos, a Seleção Brasileira comandada por Luiz Felipe Scolari levava uma surra descomunal da Alemanha, no gramado do Mineirão, em Belo Horizonte, por um placar de 7 x 1. Também pode ter esquecido que, apesar das desilusões, chegou ao fim da Copa do Mundo de 2014 fazendo planos para reunir um grupo de amigos dispostos a viajar para a Rússia, quatro anos depois – afinal, nada como o tempo para curar desilusões e colocar no lugar delas a velha e boa esperança. A hora está se aproximando, no entanto, de lá para cá, muitas águas rolaram embaixo da ponte e acabaram desaguando em um mar de incertezas. Pegar um avião e desembarcar na bela Moscou valeria muito mais pela exuberância do país-sede do próximo Mundial do que pela possibilidade de uma revanche – remotíssima, convenhamos –, isto se a economia e a política parassem de fazer gols contra em qualquer disputa séria que o país entre. Significa dizer que, num cenário assim, investir algo em torno de R$ 21 mil na viagem pode ser um tiro no escuro e com chances de acertar o próprio pé, uma vez que nem a seleção nem as finanças nacionais dão pistas seguras de recuperar a forma.
A não ser que a poupança para realizar o sonho tenha realmente começado depois que a Alemanha levou a taça para casa, os custos podem mesmo pesar no bolso, dificuldade que se soma, ainda, às agruras para dar conta da comunicação por lá. Até muito recentemente, os russos pareciam seguir pouco decididos a aprender inglês para facilitar o entendimento com um número cada vez mais expressivo de interessados em visitá-los, quadro que, no entanto, deve melhorar com a chegada do evento, ao menos na área de prestação de serviço. A própria imagem do povo não combina com aquela que se tem de um país caloroso e confiável, mas o mundo prefere caras fechadas a lugares onde a insegurança é endêmica e nisso a Rússia ganha por um largo placar do Brasil, o que, contudo, não impediu os Jogos Olímpicos (2016) em terras brasileiras de serem considerados dos mais memoráveis, apesar dos berros da violência ouvidos do outro lado do oceano. No fim das contas, para o turista que viaja com orçamento apertado, o que conta mesmo é o dinheiro, se não vai voltar para casa achando que “passou os pés pelas mãos”.
Sites que têm dedicado razoável espaço ao evento sugerem que a melhor base para o viajante seja mesmo Moscou, independentemente das cidades onde a Seleção Brasileira jogará, isto por causa da facilidade de deslocamento através do transporte público e porque os preços na capital russa estão longe de assustar como se viu no Rio de Janeiro, durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Com hospedagem, inclusive. Neste quesito, uma das opções que deve ganhar mais fôlego ainda são as empresas virtuais de locação de imóveis como o site Airbnb, cujos preços (projetados para 2018) variam entre R$ 2.537/mês/ quarto e R$ 6.982 mês/apartamento, enquanto o período em um hostel com banheiro compartilhado custaria entre R$ 5.288 e em um hotel três estrelas, R$ 7.205,00. Mesmo os gastos com alimentação, em Moscou, não chegam a espantar o turista. Segundo a plataforma colaborativa Expartisan, que estuda o custo de vida em várias cidades do mundo, a capital não figura entre as mais caras. Gastando de R$ 16 a R$ 21, por exemplo, faz-se um almoço no centro.
Para quem nunca esqueceu o espetáculo de encerramento dos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, com o ursinho Misha chorando – um show de beleza e tecnologia que emocionou o mundo – e para quem vê o esforço da Rússia buscando abocanhar a maior fatia de poder no cenário político do planeta, fica fácil deduzir quão inesquecíveis deverão ser a organização e as surpresas do Mundial de 2018. Se a Seleção Brasileira fizer bonito, tanto melhor – mas a quem as finanças permitirem estar lá, o importante mesmo serão as lembranças de dias feitos com capricho e sob medida para ficar na memória. Eles sabem impressionar.