Aos 22 anos de idade, Maria Augusta Generoso Estrella regressava ao Brasil em 1882 como uma pioneira. Era oficialmente a primeira médica brasileira, com diploma do Medical College for Women [New York Medical College and Hospital for Women], uma vez que no país as mulheres não tinham ainda esta oportunidade. Seu retorno foi anunciado no Diario de Pernambuco do dia 5 de março daquele ano, que reproduziu, por sua vez, texto de O Paiz, onde um parágrafo destacava que “tendo a mulher por missão especial os labores do lar doméstico, não impede essa missão que ela cultive as letras e as sciencias”. A façanha de Maria Augusta – escolhida como oradora da turma e agraciada com medalha de ouro – tornou-a uma estrela na Corte. Em 1877, quando conseguiu ser admitida em Nova York mesmo tendo a idade abaixo do exigido, ela conseguiu um apoio financeiro determinado por D. Pedro II, que considerou-a “Bolsista do Império”. Na volta ao Rio de Janeiro, a agora médica foi recebida oficialmente no palácio. Seu exemplo e as notícias do seu sucesso nos Estados Unidos contribuíram para que as brasileiras pudessem finalmente ter acesso às faculdades de medicina, através da Reforma Leoncio de Carvalho, a partir de 1879. Maria Augusta clinicou até o fim da vida, aos 86 anos. No dia 18 de abril de 2015 serão completados 69 anos da sua partida.
Maria Augusta era integrante da Academia de Medicina de São Paulo, patrona da cadeira 64. A biografia abaixo foi retirada do site da instituição. Mostra como a filha de portugueses despertou para a vocação bem cedo, por ocasião da colisão entre dois navios. Uma história de vida para não ser esquecida.