Terceira emissora de rádio a operar no Recife, a Tamandaré foi criada em 1951 por Assis Chateaubriand para oferecer aos ouvintes do grupo Diários Associados (que já tinha a Rádio Clube, de 1919) uma gama de diversão na era pré-televisão. Inaugurada no dia 31 de março, logo conquistou a audiência com seus programas de auditório, onde pontuavam grandes atrações nacionais. A fina flor da música popular brasileira passou por seus microfones, de Vicente Celestino a Francisco Alves, de Manezinho Araújo a Alvarenga e Ranchinho, sem esquecer as vozes femininas como Dircinha Batista. Mas quem causou estardalhaço quando teve seu nome anunciado para se exibir na Tamandaré foi Luiz Gonzaga, o filho de Januário, que retornava a Pernambuco depois de botar os sulistas para dançar o baião.
No Diario de Pernambuco de 4 de novembro de 1951, o texto tecia loas ao artista que já havia se apresentado em abril no superlotado auditório da Rua Barão de São Borja. Em maio, o Rei do Baião sofreria um acidente na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, onde quase morre. O carro que dirigia caiu de uma altura de 15 metros. Gonzaga quebrou seis costelas e a clavícula; Zequinha, o queixo e Catamilho machucou as costas.
“Todo o Nordeste queria saber notícias. O telefone da Rádio Tamandaré não parava de tocar. Os recifenses fãs de Luiz Gonzaga perguntavam se ele havia falecido. Mas o baião não podia morrer assim, ele era a própria alma do baião”, narrava o texto do Diario.
A dupla que sempre acompanhava o sanfoneiro de Exu estava com o mestre Lua na sua volta ao Recife. “Juntamente com Catamilho, o rei do zabumba e Zequinha, o rei do passo, o rei do Baião estará entre nós com sua sanfona e sua simpatia, recebendo calorosos aplausos da nossa plateia”, encerrava o texto.
No dia 8 de novembro, data do primeiro show da segunda temporada na Rádio Tamandaré, o Diario de Pernambuco abriu uma exceção para o noticiário e dedicou a sua capa a uma grande ilustração de Luiz Gonzaga, convocando o público para a apresentação marcada para as 22h05. Uma ação de marketing patrocinada por uma famosa marca de refrigerante na época. Tratamento digno para um pop star cabra da peste.
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