“A emancipação da mulher trouxe inúmeras vantagens mas, também, inúmeras responsabilidades. Parte integrante da vida da mulher moderna, mesmo a de classe média, é o automóvel que veio facilitar e auxiliar nas suas tarefas de mãe e dona de casa. É com o carro que ela leva as crianças ao colégio, às aulas particulares, faz compras nos supermercados e, muitas vezes, vai buscar o marido no trabalho. Mas você sabe mesmo guiar o seu carro?”
Era desta forma que o Diario de Pernambuco se dirigia às suas leitoras no dia 11 de julho de 1975, uma sexta-feira. Em uma página inteira, o objetivo era oferecer um serviço para facilitar a vida das motoristas, acusadas pelos homens de dirigirem mal e de serem distraídas ao volante. Quarenta anos depois, é uma amostra impressa de como a nossa sociedade evoluiu. Em 1975, era difícil encontrar mais de dois carros por família. O direito de ir e vir motorizada foi incorporado ao ideal feminista.
Segundo dados do Detran-PE, Pernambuco registrava, em março de 2015, um total de 2.004.035 motoristas. Destes, 26,5% eram do sexo feminino. Se ainda são minoria em número de carteiras de habilitação, proporcionalmente é crescente a participação feminina. Entre 2002 a 2012, por exemplo, o aumento foi de 112%, enquanto o número de homens condutores subiu 68% neste mesmo período. Por serem mais atentas às regras, elas cometem menos infrações. Em 2011, o percentual era de 22,86%. Por conta disso, estão envolvidas em menos acidentes.
No texto publicado pelo Diario de Pernambuco há 40 anos não há assinatura do autor. Pelo tom usado, no entanto, provavelmente foi escrito por um homem, gênero dominante nas redações naquela época. Agora também isso mudou e continua sendo uma tendência. Só o que deixou de ser foi a calça boca de sino da ilustração da página de 1975…