Três vítimas de ataque cardíaco, outras cem pessoas histéricas e com crise nervosa atendidas em hospitais públicos e particulares. Há 40 anos, o Recife vivia uma manhã de terror com o boato de que a barragem de Tapacurá havia estourado e as águas iriam invadir a capital. Tudo começou por volta das 10h do dia 21 de julho de 1975. Ao mesmo tempo, em diversos locais, tudo saiu do controle precário depois das enchentes dos dias 17 e 18. A notícia apocalíptica fez com que banco e comércio fechassem, repartições suspendessem o expediente e táxis e ônibus passassem a ser disputados como o passaporte da salvação. Sem alternativa, muitos se puseram a correr quilômetros para chegar em casa a tempo de salvar a família.

Em meados da década de 1970, o recifense estava propenso a acreditar no fim do mundo, pelo menos no cinema. Filmes sobre catástrofes (incêndios, maremotos, terremotos, panes tecnológicas e enchentes) eram sucesso de bilheteria também no estado, a exemplo de Aeroporto (1970), O Destino de Poseidon (1972), Terremoto (1974), Inferno na Torre (1974), Heat Wave (1974) e Aeroporto 1975. Para o governo em plena ditadura militar, os responsáveis eram os terroristas. Seis suspeitos foram presos e um táxi apreendido.

Na sua edição do dia 22 de julho de 1975, que trazia como manchete a vinda do presidente Geisel ao Recife, o Diario de Pernambuco apresentou um relato detalhado do pânico gerado pelo boato, com direito a fotos na capa e na página 6 do primeiro caderno, totalmente dedicado às cheias. “Durante cerca de uma hora, o recifense viveu o drama do pânico e do caos total, após a divulgação de boatos sobre o rompimento da barragem de Tapacurá. Numa correria ao estilo salve-se quem puder, a população ganhou as ruas apavorada com a possibilidade de ser aniquilada pelas águas. Isto, após sentir na pela a força das enchentes de dois dias antes.

O vídeo desta página utilizou imagens da época registradas em Super 8 por Fernando Oliveira, com resgate do acervo feito pelo neto dele, Renato Oliveira. A pesquisa, edição e recuperação dos fotogramas foi de Rubemar Graciano. A nossa editoria de arte incluiu fotografias de arquivo do Diario de Pernambuco, assim como reproduções de páginas do jornal. A edição de imagens ficou por conta de Eduardo Travassos.

Abaixo, galeria das capas do Diario de Pernambuco no período da enchente histórica. Na edição desta terça-feira, confira reportagem com depoimentos de quem viveu a época, com direito a uma primeira página especial.