A mulher que chora a morte do marido no Chipre. Os adolescentes assustados que sabem que vão ser executados no Congo. O soldado em estado de choque no Vietnã. O menino albino que mal se equilibra de fome na Biafra. O tocador de alaúde defronte de um corpo no Líbano.
A dois meses de completar 80 anos de idade, Don McCullin agora registra apenas paisagens da Inglaterra. É uma forma de continuar na ativa comno fotógrafo, longe do horror que testemunhou ao longo de quase três décadas – 1960, 1970 e 1980 – quando esteve presente em quase todos os principais conflitos deste período.
Trabalhando para o The Sunday Times Magazine, suplemento dominical colorido do jornal líder de vendas na Grã-Bretanha, McCullin tinha carta branca para clicar o que quisesse. Foi desta forma que ele consolidou sua fama como fotógrafo de guerra. De suas andanças pelo Chipre, Congo, Biafra, Camboja, Bangladesh, El Salvador e Líbano, o britânico deixou para a história verdadeiros ícones do fotojornalismo.
Em 2012, os cineastas Jacqui Morris e David Morris lançaram o documentário McCullin. Em 95 minutos, o fotógrafo recorda as suas experiências e explica o momento de seus cliques mais significativos. É o retrato de um momento da imprensa mundial onde a censura não imperava nos campos de batalha e nem nas direções dos jornais. É um documento obrigatório para quem trabalha ou gosta de fotojornalismo no calor da hora.
O documentário entrou no dia 1º de agosto no catálogo brasileiro do Netflix, tanto que o trailer aqui está exibido na sua versão original, sem legendas. No blog você pode conferir uma seleção das fotos de McCullin, que entre um conflito e outro ainda arranjou tempo para passar um dia inteiro com os Beatles, trabalho que depois resultou em um livro também com versão nacional.