“Começou o Verão. O sol leva para as nossas praias o melhor encanto da cidade. Enquanto a Rua Nova perde, nos dias chics, a sua intensidade de vida, enquanto os cinemas perdem as suas grandes enchentes, a areia das praias recebe a visita das deliciosas criaturas da cidade. É quando as praias tomam a sua desforra da cidade que lhe rouba, durante tanto tempo, o melhor encanto de seu delicioso ‘decor'”. No dia 18 de setembro de 1932, o Diario de Pernambuco saudava “A delícia do sol” publicando o texto acima com duas fotos de elegantes frequentadores das areias.
Apesar do verão no hemisfério sul começar oficialmente no dia 21 de dezembro, convencionou-se que o nono mês do ano seria o ideal para celebrar o fim da estação chuvosa em Pernambuco. E o feriado da Independência acabou sendo elevado à data magna da temporada do sol, com a realização de eventos e eleições de rainhas da beleza.
Há oitenta anos, frequentar as praias não era sinônimo de pouca roupa. As mulheres usavam maiôs cujo comprimento chegava aos joelhos e os homens não dispensavam a camisa. Com o passar das décadas, os maiôs deram lugar aos biquínis e estes foram ficando cada vez menores. Nem mesmo o Sete de Setembro é tratado mais como a data de abertura do verão.
A Rua Nova e o comércio do Centro perderam espaço para as lojas de shoppings, para onde migraram os cinemas. Ficou a alegria da praia, diversão quase gratuita agora com a presença de tubarões.