Era apenas o seu segundo longa-metragem, mas Joaquim Pedro de Andrade acertou em cheio em 1969. A adaptação da criação de Mario de Andrade para as telonas foi o melhor retrato possível de um personagem que era uma espécie de herói derrotado pela eterna crise do Brasil.
Macunaíma foi uma das maiores bilheterias do movimento batizado de Cinema Novo. Pena que Joaquim Pedro de Andrade não conseguiu aproveitar o sucesso em um país em plena ditadura. Não conseguiu verba para adaptar a obra do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, Casa-grande & Senzala.
Há 27 anos, no dia 10 de setembro de 1988, em um hospital do Rio de Janeiro, Joaquim Pedro de Andrade sucumbia a um câncer de pulmão. Tinha 56 anos de idade. No dia 23 de setembro de 1970, o crítico de cinema do Diario de Pernambuco, Fernando Spencer, derrama-se em elogios a Macunaíma.
Ele próprio um cineasta, Spencer considera que o jovem colega foi radical e conseguiu contar muito bem a história escrita por Mario de Andrade em 1928 de um brasileiro que foi comido pelo Brasil. “A linguagem adotada por Joaquim Pedro é a da chanchada. Talvez pela melhor assimilação do público e foi muito feliz nesta opção”, escreveu Spencer. Certeiro até os dias de hoje.