Bacharel em direito pela Faculdade do Recife, o paraibano José Lins do Rego defendeu outras causas, dedicando-se à literatura. Ao lado de Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, colocou o Nordeste no mapa, expondo a realidade nua e crua dos desvalidos. Enquanto a cearense e o alagoano mostravam o amargor vivido pelos retirantes, José Lins desnudava o cotidiano dos engenhos de açúcar.
Ler José Lins do Rego hoje é mergulhar nos costumes de uma região que mudou muito ao longo do século 20, mas sem perder as discrepâncias econômicas. Os engenhos deram lugar às usinas, mas os cortadores de cana continuaram sua sina. De sua estreia com Menino de Engenho, em 1932, até sua derradeira obra, “Meus verdes anos”, em 1956 – quando tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras – José Lins colocou muito de sua história pessoal nas páginas.
Como jornalista, escreveu para os Diários Associados, tendo o Diario de Pernambuco reproduzido muitos dos seus textos. No dia 12 de setembro de 1957, o menino dos engenhos desencantou-se. Vinte anos depois, no dia 12 de setembro de 1977, o Diario publicou, na capa do caderno Viver, uma página inteira destacando a importância da obra do paraibano.
O texto, assinado por Leda Rivas, assinalava que ficou a obra “límpida e lúcida, ardente e viva, nos sertões brasileiros, nas caatingas doloridas, nos homens – rudes e tristes e perdidos do Nordeste – caminhando os mesmos caminhos sem esperança…”