Em 1972, a frota de veículos na Região Metropolitana do Recife era de 67 mil veículos, vinte vezes menor do que a de 2015 (1.259.180). Mas se não era tanto problema encontrar vaga para estacionar, uma praga urbana já havia se instalado de vez. Lavadores e “guardadores” de carro já tomavam conta das ruas há 43 anos. Tanto que no dia 10 de junho de 1972 o Diario de Pernambuco trouxe uma ilustração feita por Cavani Rosas, hoje artista plástico renomado, abordando a aflição dos motoristas. Era humor, mas também crítica social.
Em vez de foto-legenda, era a utilização incomum de uma charge-legenda. Confira o texto da época:
“Os lavadores de carros e os guardadores de automóveis têm transformado a vida dos proprietários de veículos num verdadeiro inferno. Não se pode parar em qualquer área destinada ao estacionamento sem que seja atacado impiedosamente por uma multidão de ‘vigias’, cada qual exigindo dinheiro a título de ‘proteção’. E quem se nega a atender tais lavadores encontra seu veículo ou arranhado ou arrombado. Uma providência deve ser adotada com urgência, antes que os lavadores oficializem a ‘proteção'”.
Quatro décadas depois, a solução encontrada pelo governo foi de “oficializar” os guardadores, dando-lhe crachás e batas. A iniciativa, em teste no Bairro do Recife, poderia ser ilustrada pela mesma charge de Cavani Rosas.