Há 34 anos, o pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva deixava de ser um líder sindical para tornar-se, oficialmente, o presidente do Partido dos Trabalhadores. Em 27 de setembro de 1981, o Diario de Pernambuco trouxe em sua capa a notícia da eleição do primeiro Diretório Nacional da recém-criada legenda, na época com 300 mil filiados e cinco deputados federais. As previsões de Lula eram otimistas. Segundo ele, o PT elegeria entre 15% a 20% das 420 vagas da Câmara Federal nas eleições de 1982, entre 63 a 84 parlamentares.
Cumprindo a última etapa para a obtenção do registro definitivo no Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Lula foi alçado à liderança do PT aos 36 anos de idade com 47 votos na convenção realizada no plenário do Senado, em Brasília. Houve quatro abstenções. No seu primeiro discurso como político, ele leu um discurso, evitando o improviso. Só havia feito isso seis anos antes, quando tomou posse pela primeira vez na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
A forma de governo defendida seria o socialismo. “O socialismo que nós queremos terá que ser a emancipação dos trabalhadores. E a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. O PT foi oficialmente reconhecido como partido político pelo TSE no dia 11 de fevereiro de 1982.
Na edição do dia 28 de setembro, uma segunda-feira, o Diario não registrou a eleição de Lula como presidente do PT. Em plena ditadura, o noticiário de política do dia foi dedicado à visita que Médici faria a Figueiredo – o general ditador vez – que estava hospitalizado, além da queda de cavalo de Paulo Maluf.
Uma reportagem, no entanto, alertava que a ação sindical nos partidos preocupava o governo. Com as entidades de classe ganhando força na sociedade, elas passaram a ser encaradas como “máquinas valiosas de campanha eleitoral”. Era uma notícia indireta sobre o PT, que havia acabado de entrar em campo.
Em outubro, Lula seria entrevistado no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. O programa pode ser conferido na íntegra no YouTube, dividido em oito partes. É um documento histórico de um homem cuja história se fundiu com a de seu país nas últimas quatro décadas. Confira abaixo a apresentação do ex-sindicalista e agora presidente de partido.