Os atletas brasileiros estão suando em busca de medalhas na próxima Olimpíada, a do Rio de Janeiro em 2016, mas não pegam no pesado tanto quanto esportistas pernambucanos da década de 1930. O Diario de Pernambuco dava o devido destaque a uma modalidade que representava bem o perfil econômico do estado na época: a corrida dos carregadores de açúcar.
Em 4 de outubro de 1938, o jornal dedicou quase uma página para registrar o resultado da competição que ocorreu dois dias, um domingo, no Prado da Madalena, o Jockey Club de Pernambuco. Em comemoração à grande safra obtida no ano, o Sindicato dos Usineiros de Pernambuco, em parceria com o Diario e a orientação técnica do Clube Náutico Capibaribe, colocou seus trabalhadores para correr.
Seria uma competição normal se não fosse um detalhe: cada competidor teria que carregar na costas ou na cabeça um saco de açúcar de 60 quilos. A distância de 1.550 metros teria que ser percorrida em equipe. A cada terço, um novo carregador receberia o fardo. A prova foi vista por cerca de cinco mil pessoas, que vibraram com a performance das quatro equipes inscritas.
E lá se foram Casimiro, Banana, Vapor, Cacique, Mané Chico, Caboclo de Pedra, Caboclo do Franco e Mangueirinha, entre os vários participantes, fazer para um grande público o que era o cotidiano na estiva. O prêmio de um conto de réis ajudaria a fazer a diferença no orçamento do mês, valia mais do que medalha ou troféu.
Os tempos mudaram e esporte virou coisa séria e de respeito. A economia pernambucana mudou e a corrida dos carregadores de açúcar [ou assucar, na grafia da época] ficou para a história. Nas páginas do Diario.