Quando criança, ele lavava carros. Quando entrou no Exército, aproveitava cada folga no quartel para treinar. Foi assim, com muito esforço, que João Carlos de Oliveira tornou-se João do Pulo, um dos maiores nomes do atletismo brasileiro.
Há 40 anos, nos Jogos Pan-Americanos do México, ele conseguiu um feito histórico. Aos 21 anos de idade, tornou-se o recordista mundial do salto triplo com incríveis 17,89 metros. Ele pulverizou a antiga marca, de 1972, do soviético Victor Saneev, em 45 centímetros. Foi necessário os juízes esticarem toda a trena para registrar a extensão dos três saltos sequenciados de João.
A prova de salto triplo ocorreu no dia 15 de outubro de 1975, mas o Diario só registrou o recorde do brasileiro na edição do dia 17. O jornal trazia o depoimento entusiasmado de Ademar Ferreira da Silva, medalhista olímpico na mesma prova, que 20 anos antes havia feito a marca de 16,56 metros no México, o primeiro recorde mundial de um brasileiro.
Ademar queria que as indústrias apoiassem o atletismo brasileiro. Só assim seria possível formar novos Joões campeões. Não foi o que ocorreu.
O recorde de João do Pulo resistiu por dez longos anos. Só viria a ser quebrado pelo norte-americano Willie Banks, que saltou 17,97m no dia 16 de junho de 1985, em Indianápolis.
O brasileiro não conseguiu o ouro que tanto queria em uma Olimpíada. Foi bronze em Montreal (1976) e Moscou (1980). Se nos primeiros jogos ele não estava na melhor forma, recuperando-se de uma contusão, os soviéticos deliberadamente sabotaram seus melhores saltos.
Em 22 de dezembro de 1981, um acidente de carro interrompeu a sua carreira. Com a perna direita amputada, chegou a ser eleito por dois mandatos como deputado estadual por São Paulo. Depois, foi um salto para o abandono e para a miséria. João do Pulo faleceu em 1999, aos 45 anos de idade, por cirrose hepática e infecção generalizada.