Começamos o ano com uma perda no jornalismo impresso nordestino. O Mossoroense, o mais antigo em circulação do Rio Grande do Norte e o terceiro mais antigo em atividade na América Latina, a partir de 2016 só pode ser lido na internet. A última edição em papel circulou pelas ruas de Mossoró no dia 31 de dezembro de 2015. Foram 24 páginas agora históricas, divididas entre informações factuais e considerações sobre as mudanças na publicação de notícias. Fundado por Jeremias da Rocha Nogueira há 143 anos, em 17 de outubro de 1872, o periódico começou como um semanário de quatro páginas, no formato 45 cm x 31 cm. O jornal foi pioneiro, no início do século 20, em usar xilogravuras para ilustrar notícias e também a publicidade.

O site, que entrou em funcionamento há 16 anos, registrou neste período um aumento de acessos de 7.909%. São leitores de 59 países, sendo que 65% dos interessados são do Rio Grande do Norte. No início, em 1999, eram cem acessos mensais contra uma tiragem que chegava a cinco mil exemplares. Nos últimos meses, a situação se inverteu: eram mil jornais saídos da rotativa contra 80 mil páginas virtuais acessadas diariamente.

O desafio de O Mossoroense é se capitalizar neste mundo pantanoso que é a internet. A sobrevivência no online é uma resistência contra o fim de veículos de comunicação fundados em cidade do interior nordestino. Que não repita o triste fim do Diário da Borborema, jornal de Campina Grande dos Diários Associados, que deixou de circular no dia 1º de fevereiro de 2012, após 54 anos de existência.