remédio mosquito

Autoridade federal chega a Pernambuco e anuncia que forças de segurança serão utilizadas no combate a um inseto que teima em resistir a todas as ações de extermínio. Poderíamos estar falando do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e do vírus zika, Mas o tempo e o inimigo a que nos referimos são outros.

Conforme o Diario de Pernambuco destacou em sua capa em 1º de agosto de 1919, a autoridade em questão era João Pedro de Albuquerque, chefe da comissão sanitária federal incubido pelo governo do combate à febre amarela, transmitida pelo Stegomyia calopus. Naquela data, a polícia ganhava autorização para entrar nas casas das pessoas e acabar com qualquer foco da então temida muriçoca rajada.

Há quase cem anos, Pernambuco e o Brasil viviam às voltas com uma epidemia que ameaçava as famílias e manchava os nomes do estado e do país no exterior. Quem tinha posses procurava se precaver comprando os repelentes da época, como a latinha do Pó Destruidor, que prometia “eficácia contra toda a casta de insetos e bicharia que apoquenta a humanidade”.

A oferta de ajuda de estrangeiros contra o mosquito, como o da Fundação Rockfeller, era vista com desconfiança. Passaríamos um atestado de incompetência. Somente o progresso da saúde pública poderia transformar o Brasil em um país civilizado e respeitado. Neste aspecto, vivia-se um bom momento. Na primeira metade do século 20, o movimento sanitarista nacional tinha nomes de destaque, como Oswaldo Cruz (1872-1917), Carlos Chagas (1879-1934) e Vital Brazil (1865-1950). No estado, Aggeu Magalhães (1898-1949) e Otávio de Freitas (1871-1949). Graças à ajuda deles, conseguimos debelar o mosquito, pelo menos nos grandes centros urbanos.

Agora a ameaça se repete, com outro  mosquito personagem e novas doenças, mas o remédio continua o mesmo. Somente a ciência é capaz de neutralizar os efeitos de mutações de vírus que são transmitidos por uma simples picada.