As primeiras menções no Diario de Pernambuco datam do século 19. Ao longo das décadas, a feira foi crescendo de importância, colocando Caruaru no mapa do mundo. Em 1956, Onildo Almeida compôs e gravou o que seria a melhor tradução para o mar de barracas e de gente. Na voz de Luiz Gonzaga, registrada no ano seguinte, tornou-se um hino. Pelas contas do próprio Onildo, “A Feira de Caruaru” conta com mais de 50 regravações, sendo pelo menos 34 de artistas estrangeiros.
Atualmente no Parque 18 de Maio, a Feira de Caruaru é autointitulada a maior do mundo, gerando mais de R$ 1 milhão em negócios por dia. Em 2006, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarou a feira como patrimônio imaterial do Brasil.
Dos arquivos do Diario, separamos três reportagens que falam dos personagens que dão vida à feira. A mais recente foi publicada no dia 13 de dezembro de 2012, no caderno especial que celebrava o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga. A repórter Carol Santos narra detalhes da gravação da música “A Feira de Caruaru” e mostra como as bancas se modernizaram vendendo até produtos de alta tecnologia ao lado das peças rústicas. As fotos são de Blenda Souto Maior.
No dia 4 de maio de 1969, o jornal trouxe matéria assinada por Antônio Miranda, com imagens de Pissica. O destaque era para o comerciante João Pedro Simplício, que vendia banha de ema, produto que servia para curar quase todo tipo de doença.
A reportagem mais antiga da série saiu no dia 19 de outubro de 1948, por Azael Leitão. Sem imagens, trata-se de uma narrativa pelo universo de barracas que representavam um Nordeste com forte carga rural.
Os textos do Diario complementam o tesouro em vídeo informativo pertencente hoje ao Arquivo Nacional, disponibilizado recentemente na internet pela Agência Nacional através da fanpage do Facebook Arquivo em Cartaz. Trata-se de material sem data, mas referente à década de 1970, número 27 da série “Brasil Hoje”, com imagens de André Palluch.
O filme começa com imagens do trabalho do artista plástico pernambucano Gilvan Samico (1928-2013), considerado um dos maiores gravuristas do Brasil, para mergulhar depois no universo da xilogravuras da literatura de cordel e na feira ao ar livre, ainda bem distante dos artefatos a pilha ou energia elétrica. Os tempos mudaram, mas se está à venda, Caruaru tem, mesmo que tenha acabado.