Sem lar e sem dinheiro, muitas delas chorando a perda de entes queridos, famílias vivendo o drama do desabrigo em consequência das enchentes. Este texto poderia ter sido publicado na capa do Diario de Pernambuco desta terça-feira, mas tem exatos 50 anos. No dia 31 de maio de 1966, o jornal trazia na sua primeira página um relato do drama que a cidade enfrentou em virtude das chuvas. Pontes e barreiras não resistiram à força das águas. Na capital e no interior, 175 pessoas morreram e mais de dez mil ficaram desabrigadas.

Foram mais de 72 horas de chuvas. O Rio Capibaribe subiu mais de dois metros no Recife. Os mais pobres, que viviam literalmente à margem, foram tragados pela lama. O arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, ao visitar bairros da Zona Norte, como Beberibe, descreveu o cenário como “um espetáculo do fim de guerra”.

O jornal destacou toda a sua equipe para registrar, em textos e fotos, a extensão da tragédia que chegou a Brasília, no gabinete do presidente militar Castelo Branco. Além da capa, o “noticiário amplo” ocupou seis páginas da edição, hoje histórica. Nelas, pequenas histórias como a morte do químico alemão que morreu afogado e a péssima comida que estava sendo consumida pelos desabrigados, vítimas desta vez da diarreia.

Cinquenta anos depois, o Diario voltou a destacar a tragédia das chuvas em sua capa, com número menor de mortes (quatro) mas o mesmo estrago em relação ao impacto no cotidiano. Depois de 1966, outra enchente de grandes dimensões iria ocorrer apenas em 1975. Mas aí é outra história, devidamente contada no blog. Quer ler? Clique aqui.