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Há 150 anos, o banho de mar para fins terapêuticos estava virando moda em Pernambuco e o melhor lugar para o contato com a água morna e salgada era… Olinda. No dia 3 de janeiro de 1866, o Diario de Pernambuco publicou uma poesia do “Sineiro da Sé” endereçada a seu amigo, o “Dr. Ti-ri-lé-lé”.

O uso de pseudônimos para fazer críticas sociais através do jornal era uma prática comum no século 19. Apesar da galhofa, as rimas ganham importância histórica porque registram uma mudança de comportamento do pernambucano em relação ao oceano. Tanto que mereceram figurar no livro comemorativo dos 150 anos do Diario, “O Diario de Pernambuco e a história social do Nordeste”, organizado por José Antônio Gonsalves de Mello e publicado em 1975.

Até a missiva de “Sineiro da Sé”, os banhos públicos eram tomados no Rio Capibaribe, onde as famílias mais abastadas tinham seus cais particulares, mas todos dividiam as águas sem exibicionismo. Hábito que iria mudar com os banhos de mar. “Os banhos daqui (de Olinda), não são como os do Monteiro, Apipucos, Caldeireiro, que em qualquer xale embrulhada, vai-se bem de roupa usada”.

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Olinda – Praia do Farol – Década de 1910

Com o banho de mar foi logo criada a moda praia, se bem que o figurino mais comum era o vestido, fraquezinho bordado ou então uma peça de flanela azulada ou amarela. O maiô logo entraria em cena, a reboque do era usado na Europa, mas isto será tema de nova postagem do blog em breve.

Numa sociedade fechada onde os contatos com o sexo oposto eram raros, o poeta se deleita com as cenas que descreve para o amigo: “vê-se, pisando sestrosa, Sinhazinha nas areias, sem botina e sem meias, correndo de quando em quando, das ondas que vêm rolando”. Bom observador, ele destaca que quem vai à praia não vai em busca de curas para sarna e hipocondria, entre outras mazelas. “A maior parte da gente é sadia e não doente…”. Em todo caso, era preciso madrugar para melhor aproveitar os benefícios do sal marinho.

Nestes 150 anos, o litoral olindense foi perdendo a guerra para o avanço do mar e a poluição. O Carmo citado na carta de 1866 como o ponto de encontro de famílias tornou-se um mirante para os espigões. Pelo menos uma coisa permanece a mesma da época do “Sineiro da Sé”. “Banheiros à beira-mar, não tem conta, é caso raro!”.