Há 80 anos, o Recife era uma metrópole com ares de cidade do interior. A modernidade estava nos bondes que praticamente ligavam a cidade inteira e ainda Olinda. A tradição estava no ritmo mais lento, acompanhando o som dos carrilhões de igrejas, fábricas e do próprio Diario de Pernambuco, na Praça da Independência. Tudo era praticamente entregue a domicílio. Primeiro o homem do balaio de pão, depois o menino das latas de leite. Mais tarde, o vendedor de frutas e verduras.
No dia 26 de abril de 1936, o Diario de Pernambuco trazia na sua primeira página uma crônica não assinada intitulada “Quando o Recife desperta”. O texto, em tom poético, era ilustrado por uma fotomontagem de imagens produzidas por Berzin. Conhecido a ponto de assinar apenas com o sobrenome, Berzin na verdade chamava-se Alexandre Bershing. Letão de nascimento, alterou a grafia do nome e se estabeleceu a partir de 1928 no Recife.
Na capital pernambucana, ele tornou-se um dos nomes mais ativos da fotografia, abrindo um estúdio e participando de exposições. No Diario, ilustrou série de matérias com personagens inusitados, o olhar do europeu predominando sobre o cotidiano que não chamava a atenção dos locais. Estas reportagens serão tema de uma postagem futura.