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A ação popular que tentou cancelar o show do cantor Wesley Safadão no São João de Caruaru, no próximo sábado, reacendeu, além do questionamento sobre o exorbitante cachê, a dúvida sobre o valor da tradição. Com o passar dos anos, a festa tipicamente nordestina perdeu alguns compassos. Modernização ou regressão? Podemos afirmar que é um debate antigo.

Há 56 anos, em março de 1960, o São João de Caruaru, o maior do mundo (para não perder a mania de grandeza do pernambucano), ainda não tinha todos estes ares megalomaníacos. No Suplemento Feminino, que circulava aos domingos, a coluna Desfile Social de Caruaru por Rodrigues e Pepeu trazia a novidade: “A Rua do Comércio (hoje Rua 15 de Novembro) terá o colorido da época; e as bandas de pífanos desfilarão comandadas pelo mestre Vitalino; não faltarão, tão pouco, os balões, os cantadores, populares, as sanfonas, as quadrilhas e os tradicionais casamentos matutos, que fazem o encanto, o pitoresco e a beleza das homenagens a São Pedro e a São João”.

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A empolgação do redator era pela retomada da tradição dos festejos no interior do estado, já que a festa vinha sendo feita apenas em clubes fechados. “As fogueiras, os pratos próprios da época, as festas de rua, nada disso resistiu ao tempo. Vem agora a Prefeitura e procura preservar os velhos costumes”.

“Dependendo do apoio do poder público (e esse não faltará), Caruaru poderá transformar-se no centro de atração das festas de São João e São Pedro, no interior pernambucano”. Rodrigues e Pepeu estavam certos, no entanto, ainda não foi naquele ano que a cidade do Agreste pernambucano despontou no circuito junino.

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No domingo 26 de junho daquele ano, novamente na coluna Desfile Social de Caruaru, Rodrigues e Pepeu trouxeram a notícia que “infelizmente não se concretizou o programa que a Prefeitura delineou, no que se refere aos festejos a serem realizados em pre pública, numa tentativa de preservação dos nossos melhores costumes”. As festas continuaram nos clubes e nas palhoças organizadas por algumas ruas.

Os colunistas deduziram que a não realização da festa pública pelo município se dava pelo “círculo vicioso” causado pelos clubes. Só na década de 1990 é que começou a se transformar a Vila do Forró perto da linha férrea, que depois foi para o Pátio de Forró, que por fim foi destruída e só sobrou o Pátio, na festa que todos nós conhecemos hoje. Mas isso é uma outra história.