Rua da Imperatriz 2015 - Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Rua da Imperatriz 2015 – Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press


Com cerca de 300 metros de extensão, a Rua da Imperatriz, no bairro da Boa Vista, é hoje uma galeria comercial a céu aberto, com lojas e vendedores tentando repassar de tudo, de roupas a calçados, de móveis a eletrodomésticos, de óculos e quinquilharias, sem contar os alimentos. Quem anda por ali apressado não percebe a beleza dos casarões de dois e três andares oculta pela desfiguração das fachadas. Este logradouro já foi um local chique, um dos metros quadrados mais caros do Recife. Isso ainda no século 18.
Foto: Alexandre Berzin/Museu da Cidade do Recife

Foto: Alexandre Berzin/Museu da Cidade do Recife

A zona que se estendia da Rua da Aurora e do Cais José Mariano às ruas do Hospício e da Matriz integrava-se ao leito maior do Rio Capibaribe até meados do século 18, com ilhotas e manguezais. Tudo era lama e areia, pontilhadas de verdes touceiras de mangas.

Foi a reconstrução da Ponte da Boa Vista (aquela erguida primeiramente a mando de Maurício de Nassau, em 1644), por Henrique Luís Pereira Freire (governador da Capitania de Pernambuco desde os fins de agosto de 1737 até os fins de janeiro de 1746) que fez nascer a Rua da Imperatriz.

Arquivo/DP/D.A Press

Arquivo/DP/D.A Press

O novo ramo da ponte a oeste exigiu um nivelamento de vinte palmos de largura. “A estreita, mas importante estrada atraiu imediatamente as vistas de homens ricos da Capitania, que começaram a requerer aforamento de terrenos à margem do ‘aterro da Boa Vista’, como ficou sendo vulgarmente chamado”, conta o jornalista Tadeu Rocha, em reportagem publicada no Diario de Pernambuco em 28 de julho de 1969.

Com fotos de Edvaldo Rodrigues, a matéria era um alerta para a perda dos casarões que estavam desabando por falta de manutenção. Tadeu Rocha descreve como o aterro da Boa Vista se tornou o point recifense. “Por ali passavam os senhores de engenho montando belos cavalos, as cadeirinhas de arruar das sinhás e sinhazinhas e o palanquim da Matriz da Boa Vista, levando a Eucaristia para a derradeira comunhão dos fiéis da paróquia”.

No dia 10 de dezembro de 1859, o Diario anunciou que a Câmara Municipal decidiu dar ao aterro o nome de Rua da Imperatriz D. Tereza Cristina, aproveitando a presença do imperador Dom Pedro II e digníssima esposa pela primeira vez em Pernambuco. Mesmo nos primeiros tempos da República, o povo não abriu mão de continuar chamando a via de Rua da Imperatriz.

Outra curiosidade é que no segundo andar do sobradão de número 147, na esquina do antigo Beco dos Ferreiros, veio ao mundo o menino Joaquim Nabuco. Mas aí é já outra – e longa – história…