Roy, Ray, Ricky, Charles e Robin. Há 31 anos, este quinteto vindo de Porto Rico levou à loucura uma legião de adolescentes recifenses com uma apresentação no estádio do Arruda. O Menudo era a febre do momento, lotando todos os lugares onde se apresentava no Brasil, com músicas como “Não se reprima”. Na capital pernambucana, 40 mil pessoas assistiram a um show que, apesar dos boatos, não era dublagem. Os cinco meninos, com idade máxima de 14 anos – depois disto, eram substituídos – estavam impressionados com a receptividade.
O Diario de Pernambuco registrou o fenômeno Menudo com uma reportagem no dia 1 de março, uma sexta-feira, dia do grande show que aconteceria às 20h. A movimentação já era grande no estádio, que teria lotação máxima. Só de cadeiras numeradas seriam quatro mil vendidas. Os retardatários enfrentavam longas filas nas agências do Unibanco para conseguir um ingresso para as arquibancadas, ao preço de Cr$ 8.000. Os cambistas ofereciam os disputados tíquetes com o acréscimo de mil cruzeiros.
Ao lado da reportagem, um anúncio da Rádio Clube avisava aos fãs que levassem seus radinhos de pilha porque a emissora faria uma cobertura “em tempo real” a partir do desembarque do grupo, previsto para as 11h. Em uma época sem internet, era o máximo de interatividade que se podia imaginar.
No dia 2 de março, o Diario trazia na capa, apesar de ser no rodapé, uma chamada e uma foto do quinteto no Arruda. O título já denunciava que título de público gostava dos latinos: “Menudo agita criançada e show agrada”. Mas o jornal informou que nem tudo foram flores. Uma multidão calculada em 20 mil pessoas invadiu o Aeroporto dos Guararapes para receber o grupo, chegando a quebrar os portões e ameaçar chegar à pista. Precavida, a equipe da turnê desembarcou na Base Aérea. Outra multidão ficou em frente ao Othon Palace Hotel, em Boa Viagem, na expectativa de ver os ídolos.
“Carregando cartazes e usando camisas e broches, uma legião de fãs gritava pelos nomes dos integrantes do conjunto e, quando um deles aparecia na varanda do apartamento, o histerismo era total”, descrevia a matéria do Diario. O esquema de policiamento foi feito por 200 homens e seis viaturas. No final, tudo acabou sem incidentes. Os meninos se foram. Ficaram na lembrança de uma geração inteira.